Após explosões, população belga procura informações de parentes no celular

A cena de pessoas desesperadas procurando obter notícias de parentes era comum, principalmente de pais de crianças que estão no ensino fundamental. Por questão de segurança, escolas foram fechadas e indivíduos estão confinados dentro dos prédios

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Por Renato Machado e Bruxelas
Atualização:

BRUXELAS - Bruxelas ainda se recuperava das primeiras notícias das explosões no Aeroporto Internacional de Zaventem, na regiāo da capital, quando outras três explosões ocorreram no metrô em Maelbeek, usado diariamente por milhares de pessoas, próximo de prédios das Instituições Europeias, como o Parlamento Europeu, a Comissão e o Conselho. Passava um pouco das 9 horas da manhã quando houve a primeira explosão. O horário é de grande movimento na região, quando pessoas seguem para o trabalho com seus fones de ouvido, lendo livros ou os jornais entregues nas estações. 

A reportagem do Estado saía da estação Trône, a menos de 1 km da maior explosão, quando militares do Exército belga desceram correndo as escadas para depois estender uma fita indicando que a estação estava fechada. Minutos depois, várias pessoas subiam as mesmas escadas apressadas e assustadas. Todo o transporte público foi interrompido.

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Nas ruas, uma imagem que se tornou comum foi a multidão caminhando e olhando para os celulares, provavelmente buscando informações. A rede de telefonia ficou congestionada e poucas ligações são completadas. Quando conseguiam contato, as pessoas avisavam as famílias que estavam bem e, muitas vezes, choravam no meio das ruas. Sirenes são ouvidas a todo momento. 

Com uma mala na frente do metrô, a turista argentina Cristina Marí perguntava sem sucesso como deveria fazer para embarcar em um trem na Gare du Midi, para sair de Bruxelas."Acabei de sair do hotel e preciso saber como saio da cidade", afirmou. Momentos depois a Gare du Midi foi fechada. Só é possível sair de Bruxelas usando carro. 

O Bairro Europeu, onde ficam as instituições da União Europeia, ficou deserto, uma vez que os prédios públicos foram esvaziados. A polícia isolou uma grande área ao redor da estação Maelbeek, onde estava o trem cujo vagão explodiu, no pior dos ataques. Até o momento, são 20 mortos e 73 feridos nesta explosão. "Eu tinha saído da estação havia alguns minutos. Depois voltei correndo quando escutei um barulho forte e vi pessoas saindo sangrando", contou o belga François Michel, que mora perto da estação. 

A portuguesa Lidia Domingos, que mora há 38 anos na capital belga e trabalha em uma das instituições europeias, queria voltar para a sua casa, na rua Pascale, dentro do perímetro de isolamento estabelecido pela polícia. "Com certeza estarei mais segura na minha casa do que parada aqui na rua, mas não me deixam passar", lamentou a mulher, que havia levado o filho ao médico e voltou correndo ao saber dos ataques. 

Turismo. Por volta da hora do almoço, as ruas de Bruxelas pouco lembravam um dia de semana comum. Carros circulavam pela cidade, mas as calçadas estavam vazias, os trams (bondes), que marcam a paisagem das avenidas, estavam parados. Poucos turistas e pedestres se arriscavam na região do centro histórico, da Grand Place - um dos principais pontos turísticos da cidade -, onde normalmente é impossível tirar uma foto sem que outros turistas apareçam nela.

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Movimento maior existe apenas em torno dos hospitais, onde parentes buscam notícias de pessoas desaparecidas. Outro grupo aflito são os pais de crianças que estudam no ensino fundamental, uma vez que, por questão de segurança, as escolas foram fechadas e as pessoas estão confinadas dentro dos prédios. 

Além do transporte público, todos os prédios do governo e grande parte do comércio foram fechados. O treino da seleção belga de futebol, os "Diabos Vermelhos", foi cancelado. O governo também reforçou a segurança em torno das centrais de energia nuclear do país. Isso porque não estão descartadas novas ações.

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