Apreensão de marfim bate recordes, mas elefantes continuam sob ameaça na África

Mais de 20 mil elefantes africanos foram mortos em 2013 por causa do marfim, em consequência da demanda na China e na Tailândia. Algumas populações locais enfrentam uma ameaça imediata de extinção, segundo informou nesta sexta-feira uma agência de conservação da vida selvagem ligada à ONU. Gangues criminosas e milícias rebeldes caçam rebanhos já reduzidos por causa de suas suas presas, que valem muitos milhares de dólares por quilo, disse a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas (CITES, na sigla em inglês). "Hoje estamos diante de uma situação de caça e contrabando em escala industrial, com o envolvimento de organizações criminosas transnacionais e o envolvimento de milícias rebeldes", declarou o secretário-geral da CITES, John Scanlon, em entrevista. Militantes do grupo Exército de Resistência do Senhor (LRA) sofreram sanções do Conselho de Segurança este ano pela caça e comércio ilegal de marfim, particularmente na África central, disse ele. O número estimado de 2013 é menor do que o pico de 25 mil elefantes caçados em 2011. Mas foi o terceiro ano consecutivo em que mais de 20 mil animais foram mortos ilegalmente em um continente que tem uma estimativa de 500 mil elefantes ainda vivos, de acordo com a CITES, que monitora 51 locais, incluindo parques nacionais. "A (caça) está se estabilizando, mas em um nível que é muito elevado. O número de elefantes que são mortos é muito superior ao número de elefantes que estão nascendo", disse Scanlon. As grandes apreensões de marfim contrabandeado na África, de mais de 500 quilos, aumentaram em 2013 pela primeira vez e excederam as da Ásia, de acordo com a CITES. O acordo de 1975 para proibir ou restringir o comércio de espécies ameaçadas de extinção foi ratificado por 180 países. Um total recorde de 40 mil quilos de marfim foi confiscado no ano passado e já foi superado pela estimativa de apreensão de cerca de 55 mil quilos este ano, ele disse. Segundo Scanlon, isso ocorreu devido a uma melhor operação repressiva, especialmente em Uganda, Quênia e Tanzânia, que responderam por 80 por cento das apreensões de grande escala na África no ano passado. "Precisamos adotar o mesmo tipo de técnicas usadas para combater outros crimes graves, como o tráfico de entorpecentes, tráfico de seres humanos ou tráfico ilegal de armas", disse ele.

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Por STE
Atualização:

CRIME ORGANIZADO

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Em janeiro a China impôs pela primeira vez um grande golpe aos criminosos ao destruir uma carga de marfim confiscada de cerca de 6,2 toneladas, em Dongguan. Hong Kong vai incinerar outras 28 toneladas, enviando "um sinal muito forte", contra o crime, disse Scanlon.

A China e o Quênia, que estabeleceram uma unidade de elite anticaça em pontos da fronteira, cooperam estreitamente para coibir os contrabandistas que operam entre os dois países, disse Ben Janse van Rensburg, da CITES.

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