RIAD - A Arábia Saudita pediu nesta quinta-feira, 9, que seus cidadãos deixem o Líbano o quanto antes em razão da crescente tensão entre os governos dos dois países.
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"Em razão das circunstâncias na República do Líbano, o Reino (saudita) pede a seus cidadãos que estão visitando ou que moram no Líbano que deixem o país o mais rápido possível", diz um curto comunicado divulgado pela agência estatal de comunicação saudita.
No sábado, o primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, surpreendeu ao anunciar por meio de uma mensagem de vídeo gravada na capital saudita que renunciava ao seu cargo por temer pela própria vida.
Hariri afirmou também que não voltaria ao Líbano porque o país tinha sido feito refém pelo Hezbollah, parceiro de sua coalizão de governo, mas um dos principais inimigos da Arábia Saudita - Riad considera a participação do grupo xiita no governo libanês um "ato de guerra" contra o Reino.
Sua renúncia não foi aceita pelo presidente do Líbano, Michel Aoun, que espera seu regresso ao Líbano para conhecer seus motivos, enquanto o presidente do parlamento, Nabih Berri, assegurou que sua renúncia não pode ser considerada válida se não for realizada em território nacional.
O anúncio de Hariri pôs em xeque o frágil governo libanês, que se formou em outubro de 2016 após mais de dois anos de bloqueio, graças a um pacto entre as duas principais alianças políticas: 14 de Março, liderada pelo ex-primeiro-ministro, e 8 de Março, dirigida pelo grupo xiita Hezbollah.
Meios de comunicação ligados a esta última aliança acusaram a Arábia Saudita de manter Hariri em prisão domiciliar e de ter forçado sua renúncia.
Diplomacia
Nesta quinta, Hariri recebeu na capital saudita diplomatas de vários países, segundo seu escritório de imprensa.
Ele se reuniu com o embaixador da França, Francois Gouvette, e com o chefe da delegação da União Europeia, Michele Cervone d'Urso, segundo um comunicado, que acrescentou que na terça-feira se encontrou também com o encarregado de negócios dos Estados Unidos, Christopher Henzel, e o embaixador do Reino Unido, Simon Collis.
No entanto, o escritório do ex-primeiro-ministro não deu detalhes sobre o conteúdo destes encontros. / AP, EFE e REUTERS