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Arafat perdeu controle, diz professor da Unicamp

Por Agencia Estado
Atualização:

O professor do Departamento de História da Unicamp, Leandro Carnal, disse hoje que a situação está completamente fora de controle no Oriente Médio, após o quinto ataque suicida do ano ocorrido neste fim de semana em Jerusalém, ato que desta vez foi feito por uma mulher. Em entrevista à Rádio Eldorado AM-SP, o especialista comentou que, na verdade, a situação jamais esteve sob controle das autoridades governamentais palestinas e israelenses nos últimos 16 meses. "Durante esse tempo, nós tivemos uma rebelião palestina declarada e, desde setembro de 2000, já houve quase mil mortos, sendo mais de 800 palestinos e mais de 200 israelenses. O que eu acho que está acontecendo no momento é que a liderança de Yasser Arafat está perdendo qualquer controle sobre a população palestina". Leandro Carnal disse que não vê com bons olhos uma possível mediação para o conflito promovida pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Embora seja difícil fazer previsões, o professor lembrou que o governo americano já criticou abertamente o líder palestino Yasser Arafat e que o apoio que vem sendo dado a Israel pode agravar ainda mais a situação. "É bem provável que aumente o número de ataques suicidas e que aconteça a dissolução da única autoridade palestina que vinha sendo razoavelmente conversável ou confiável, que era a de Yasser Arafat. Hoje, ele é um homem em virtual prisão domiciliar, cercado por tropas israelenses e já não conta com o apoio americano depois daquele episódio do contrabando de armas em que ele estaria envolvido". Com relação a Israel, o professor Leandro destacou que o governo Sharon também não conta com o apoio da população e das lideranças políticas existentes no País. Segundo ele, desde o assassinato de Yitzhak Rabin, crime praticado por um israelense e não um palestino, o País vem sofrendo crises de lideranças e as eleições têm mostrado uma população bastante dividida. "Tem aqueles adeptos do partido de Sharon que querem uma solução mais militar, mais radical, enquanto há os que defendem uma negociação maior para o impasse com os palestinos."

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