Argentina começa a julgar comandante da Força Aérea que atuou durante ditadura

Omar Graffigna é julgado pelo desaparecimento da filha e do genro da vice-presidente da organização Avós da Praça de Maio

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BUENOS AIRES - Omar Graffigna, comandante da Força Aérea durante a ditadura argentina, começou a ser julgado na segunda-feira pelo desaparecimento, em 1978, da filha e do genro da vice-presidente da organização humanitária Avós da Praça de Maio.

José Manuel Pérez Rojo e Patricia Roisinblit foram sequestrados por militares da Força Aérea no dia 6 de outubro de 1978 e permanecem desaparecidos.

Manifestante segura foto de uma das vítimas da ditadura argentina Foto: REUTERS/Marcos Brindicci

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A filha do casal, Mariana, que tinha 15 meses na época, também foi levada, mas os militares devolveram a criança à casa dos pais de Pérez Rojo.

O casal foi levado para um centro clandestino de detenção que funcionava na Regional de Inteligência de Buenos Aires (RIBA), em Morón, sob a autoridade da Força Aérea.

Patricia, filha da vice-presidente das Avós, Rosa Roisinblit, estava grávida de 8 meses e para dar à luz foi levada à Escola de Mecânica da Armada (ESMA), ao norte de Buenos Aires, onde funcionava uma maternidade clandestina. Depois regressou a Morón com seu bebê, que foi posteriormente roubado.

Além de Graffigna, 90 anos, serão julgados Luis Trillo, que dirigiu a RIBA, e Francisco Gómez, ex-membro civil de Inteligência da Regional.

Gómez foi condenado em 2005 pelo roubo da criança que Patricia teve na ESMA, Guillermo Pérez Roisinblit, que recuperou sua identidade no ano 2000.

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Graffigna, que integrou a segunda junta militar de governo, entre 1979 e 1981, foi absolvido no histórico Julgamento das Juntas, em 1985, no qual acabaram condenados à prisão perpétua o ex-ditador Jorge Videla e o ex-comandante da Marinha Emilio Massera.

Em 2013, Graffigna foi detido pelo desaparecimento de Pérez Rojo e Roinsinblit em 1978, quando era chefe do Estado-Maior da Força Aérea.

Ao menos 30 mil pessoas desapareceram durante a ditadura argentina, segundo organismos humanitários. /AFP

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