Artigo: As relações entre Brasil e China

Com reformas, China construirá ambiente de negócios de primeira classe no mundo e receberá, de braços abertos, mais empresas e produtos brasileiros

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Por Li Jinzhang e Embaixador da China no Brasil
Atualização:

Um antigo ditado chinês diz: "se consegue renovar-se um dia, faça-o todos os dias e nunca pare". Isso destaca a necessidade permanente de reformar para manter a dinâmica de crescer e prosperar. As Duas Sessões da China (a sessão da Assembleia Popular Nacional da China e sessão do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês) deste ano, que atraem ampla atenção da comunidade internacional, traduzem exatamente esse espírito. "Reforma" torna-se a palavra-chave para entender a essência dessas reuniões e o rumo que o País vai tomar para seu futuro crescimento.

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A reforma se reflete na firme determinação da China em expandir sua reforma e abertura. Este ano marca o 40º aniversário do lançamento da política da Reforma e Abertura, que fez o PIB chinês crescer, em quatro décadas, de US$ 150 bilhões para os atuais US$ 12 trilhões, com cerca de 700 milhões de chineses saindo da pobreza. A palavra "reforma" foi mencionada 97 vezes no relatório de trabalho do governo feito perante a sessão plenária do Congresso, uma frequência sem precedente. Isso mostra a determinação da China de levar adiante o processo de renovação e aprofundar as reformas a partir de um novo ponto de partida.

Os presidentes de Brasil, Michel Temer (E), e China, Xi Jinping, se cumprimentam em cúpula dos Brics em setembro de 2017 Foto: REUTERS/Wu Hong/Pool

A reforma se traduz nos esforços incansáveis da China para construir um país inovador. Nos últimos anos, várias conquistas na área de ciência e tecnologia estão na vanguarda mundial: o acoplamento da nave tripulada ao laboratório espacial, o lançamento do primeiro satélite de comunicação quântica do mundo, o voo teste da aeronave de grande porte desenvolvida pela China, etc. A China vai aproveitar a nova rodada da revolução mundial em ciência e tecnologia para implementar sua estratégia de desenvolvimento impulsionado pela inovação, e promover reformas para eliminar as barreiras estruturais que inibem a inovação, dando uma aceleração a esse processo.

A reforma diz respeito ao planejamento coordenado de adequar e reformar as estruturas do Partido e do Estado. As Duas Sessões vão deliberar o Projeto de Reforma das Instituições do Partido e do Estado, assim como a proposta de Emenda Constitucional. Essas mudanças vão otimizar as atribuições das pastas, melhorar a governança do Estado e fortalecer a capacidade de gestão modernizada, proporcionando uma sólida garantia institucional para o desenvolvimento sustentável da China.

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Reforma e abertura vão abrindo novos horizontes para a cooperação China-Brasil. A China vai construir um ambiente de negócios de primeira classe no mundo e receberá, de braços abertos, mais empresas e produtos brasileiros. Em novembro próximo, terá lugar a primeira Feira Internacional de Importação da China, e a participação de países como Brasil vai ampliar a exportação de seus produtos competitivos para o País. Pode-se prever que o comércio bilateral conseguirá novos crescimentos sobre o volume de US$ 87,5 bilhões do ano passado.

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A inovação dará novo ímpeto a uma cooperação China-Brasil mais sofisticada. Nos últimos anos, aviões regionais brasileiros estão operando no mercado chinês, enquanto drones de alta tecnologia fabricados da China estão presentes no Brasil. Satélites de sensoriamento remoto desenvolvidos pelos dois países estão orbitando a Terra. O projeto de transmissão da Usina Belo Monte que emprega a mais avançada tecnologia de ultra-alta tensão já está atendendo uma população de 22 milhões. Além disso, a cooperação bilateral nas áreas de energia limpa, economia digital e manufatura sofisticada já estão prestes a decolar. Cada vez mais projetos de alto nível e com maior valor agregado vão surgir, e o conteúdo tecnológico da nossa parceria será cada vez maior.

Tenho a convicção de que, no caminho de reforma e inovação, a China e o Brasil vão unir forças para levar mais longe a nossa parceria e trazer ganhos mais concretos para os dois povos.

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