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As tramas mais interessantes do novo ano

Tensões entre Obama e Hillary, eleição em New Hampshire e religião são alguns aspectos que dominarão os EUA

Por Frank Bruni
Atualização:

Na política americana, uma indagação eclipsa todas as outras: quem será o 45º presidente? Na realidade, dentro desse drama existem dramas menores. E há muito suspense nos bastidores – em grande parte, ele não diz respeito a Donald Trump, a um candidato de um terceiro partido ou ao fantasma de uma convenção republicana intermediária. 

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Essa coluna, imbuída do espírito das festas de fim de ano, será uma zona proibida para Trump. Algumas das tramas secundárias a seguir poderão influir de modo considerável no resultado da disputa presidencial, enquanto outras terão profundas implicações para o predomínio e a saúde dos partidos Republicano e Democrata. Elas não passam de um vislumbre do que 2016 nos reserva.

Obama. À medida que o presidente Obama vai caminhando para a fase final de sua presidência, parece ter tomado uma nova direção: de maior franqueza, menos inibições e sem pedidos de desculpas. Durante grande parte do seu mandato na Casa Branca, ele pareceu amordaçado, incompreendido. Hoje, uma catarse está próxima e poderá complicar a inevitável tensão nas relações entre ele e a pré-candidata democrata à disputa presidencial, Hillary Clinton. 

Hillary terá de defender muitos aspectos do legado de Obama e desacreditar outros enquanto faz e, ao mesmo tempo, não faz campanha para um ‘terceiro mandato’ dele. Ele reagirá a isso como alguém que está perdendo sua paciência limitada com as manipulações, alguém cansado de ser o saco de pancadas e cujos parceiros às vezes se mostram perplexos com os Clinton. 

New Hampshire. Não me refiro às primárias republicanas e democratas de fevereiro, mas à eleição ao Senado estadual em novembro. Essa não se parecerá com muitas outras disputas.

As realidades políticas peculiares de New Hampshire implicam em que nenhuma das candidatas – Kelly Ayotte, republicana, e Maggie Hassan, democrata – se mostrará particularmente ruim ou ideologicamente agressiva. Cada uma deve enfatizar a formação de consenso e procurar mostrar independência do partido que, paradoxalmente, está injetando enormes recursos em sua disputa. 

Prefeitos. Os prefeitos democratas de duas das três cidades mais populosas do país vêm sofrendo enorme pressão: seus índices de aprovação são baixos e suas gestões estão sob ataque. Falo de Bill de Blasio, de Nova York, e Rahm Emanuel, de Chicago. Ambos precisam se redimir em 2016. 

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Os métodos e o sucesso com que homens tão diferentes pretendem resolver esse problema justificam uma análise, uma vez que contêm lições sobre a capacidade do Partido Democrata de unir diferentes eleitorados e sobre o estilo de liderança mais eficiente para tempos turbulentos. 

Religião. O casamento entre pessoas do mesmo sexo foi legalizado em 50 Estados, apesar da oposição de várias personalidades importantes da Igreja. A porcentagem de americanos que não aderem a uma religião organizada não para de crescer. E isso significa que o candidato do Partido Republicano terá de descobrir como minimizar o discurso sobre Deus e a moralidade nas primárias, sem decepcionar os eleitores da chamada direita religiosa.

O partido conseguirá amenizar essa imagem, adaptar-se aos tempos e ampliar o seu apelo satisfazendo, ao mesmo tempo, aos evangélicos? Seu sucesso nas disputas presidenciais poderá depender disso.

TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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