MOSCOU - A mulher do presidente sírio, Bashar Assad, afirmou que inimigos de seu marido ofereceram a ela a chance de deixar a Síria para tentar abalá-lo, mas disse não ter deixado o país desde o início da guerra.
Em entrevista em inglês à rede russa Russia 24, Asma Assad, ex-banqueira de investimentos nascida em Londres, não disse quem fez as ofertas. Mas ela afirmou que as pessoas que tentaram fazer com que ela fugisse não eram sírias e as ofertas eram "estúpidas".
"Estive aqui desde o início e nunca pensei em estar em qualquer outro lugar", disse Asma, de 41 anos e mãe de três filhos, à Russia 24, em entrevista de 33 minutos transmitida nesta terça-feira, 18. "Sim, recebi a oportunidade de deixar a Síria, ou melhor, de correr da Síria. Essas ofertas incluíam garantias de segurança e proteção para minhas crianças ou até mesmo segurança financeira", disse.
"Não precisa ser um gênio para saber do que essas pessoas realmente estavam atrás. Foi uma tentativa deliberada de quebrar a confiança do povo em seu presidente."
Segundo Asma, todos na Síria estão sob risco em razão da guerra. "Mas me recuso a viver com medo", disse. Ela acrescentou ainda que a ajuda de amigos de Damasco, como Rússia, tem sido "inestimável" para aliviar os sírios do "sofrimento do conflito" e das sanções impostas ao país. "São essas nobres esforços que têm ajudado a afrouxar o estrangulamento de todos os sírios e isso é algo que nunca vamos esquecer", disse.
Foi a primeira entrevista de Asma a um meio de comunicação estrangeiro desde o início da guerra na Síria, em março de 2011.
Casada com Assad desde 2000, Asma ficou conhecida como a "Rosa do Deserto", como foi chamada por um artigo da revista Vogue, em 2011, que fazia um perfil da primeira-dama. O texto, porém, foi retirado da edição eletrônica pouco depois.
Relatórios de serviços de inteligência ocidentais chegaram a apontar o papel fundamental de Asma no cenário sírio, dizendo que ela é uma espécie de lastro emocional do marido pouco expansivo. / REUTERS, AP e AFP