Assunção quer protagonismo nas negociações com a Europa

Para ministro da Fazenda, pesa em favor do Uruguai a experiência em comércio exterior

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Por Renata Tranches
Atualização:

Munido com bons resultados comerciais e um acordo de facilitação de comércio com a União Europeia (UE), o Paraguai tem entre suas ambições impulsionar as negociações do Mercosul com o bloco europeu, que se arrastam há mais de 15 anos. Na sexta-feira, em sua capital, o país presidiu um simpósio internacional pelos 25 anos da fundação do Mercosul, com o Tratado de Assunção.

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Segundo o ministro da Fazenda, Santiago Peña, o atual governo de Horácio Cartes teve uma “mudança de atitude” na busca de uma interação maior do país no diálogo com os europeus. “Temos de apostar em uma participação mais agressiva nessas discussões”, afirmou Peña durante entrevista em São Paulo, acrescentando que Assunção tem a maior abertura comercial coma UE entre os países do bloco regional.

O Paraguai tem com os europeus um Sistema Geral de Preferência (SGP) com uma ampla lista de produtos, que figura entre as vantagens apresentadas aos investidores estrangeiros.

A gerente de Serviços de Internacionalização da CNI, Sarah Saldanha, explica que quando passam a operar de maneira compartilhada no Paraguai, as empresas brasileiras podem acessar esse terceiro mercado por meio do SGP. Segundo ela, isso tem sido considerado uma oportunidade pelas empresas brasileiras com as quais a CNI trabalha.

Santiago Peña, ministro da Fazenda do Paraguai Foto: Stringer|Reuters

“Cerca de 75% do PIB paraguaio é de exportações e importações. Isso claramente mostra a vocação que o país tem para fazer comércio exterior e integrar-se cada vez mais com os mercados internacionais”, reitera Peña.

Pragmatismo. Com essa posição paraguaia e a mudança de governo na Argentina, industriais brasileiros apostam em uma “volta a um Mercosul mais pragmático”. O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Thomas Zanotto, lembrou que na visita a São Paulo, em dezembro, o então recém-eleito presidente argentino, Mauricio Macri, disse que seu governo daria “prioridade absoluta” à relação da Argentina com o Brasil e com o Mercosul.

“Ele falou de um Mercosul original, de comércio, que é também o que a Fiesp vem defendendo faz tempo. O restante, a parte cultural, indígena, as outras coisas, vem naturalmente”, disse, em entrevista ao Estado. “O Mercosul estava à deriva, sem resultado prático. Com essa mudança que está ocorrendo forte na Argentina, o Mercosul volta a ter foco muito grande no comércio e investimentos. Nesse contexto, o Paraguai naturalmente é importante”, disse.

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