A contínua expansão do EI na Líbia tem alarmado autoridades ocidentais, temerosas da aproximação do conflito com a Europa, do outro lado do Mar Mediterrâneo. O avanço do grupo em território líbio também permite que os jihadistas tenham uma base de operações alternativa às que o grupo já tem na Síria, especialmente após a conquista de Palmyra, e no Iraque, depois da tomada de Ramadi.
O oficial de uma das brigadas que combatem o EI em Misrata, Suliman Ali Mousa, confirmou ao New York Times que nos últimos três dias seus combatentes têm recuado diante do avanço dos jihadistas ao leste, sul e oeste de Sirte. Na sexta-feira, o EI ocupou a base militar de Al-Qardabiya, de onde é controlado o aeroporto de Sirte, no litoral do Mar Mediterrâneo
No atentado de ontem, um suicida jogou o carro carregado de explosivos contra o principal posto de checagem de Misrata. Vários veículos e lojas nos arredores foram atingidos. Em comunicado divulgado pelo Twitter, o EI reivindicou a responsabilidade pelo ataque que, segundo o grupo, foi conduzido por um jihadista tunisiano.
A informação de que havia aliados entre as vítimas do ataque de ontem levou o governo líbio a convocar uma "mobilização urgente" contra o EI, que vem explorando o vácuo de poder deixado pelo fim da ditadura de Muamar Kadafi, em 2011.
Após a queda de Kadafi, dois grupos rivais passaram a lutar pelo poder na Líbia. Um grupo opera no leste do país, com um Parlamento eleito estabelecido na cidade de Tobruk, que conta com o reconhecimento internacional e apoio do Exército nacional. O outro grupo, autoproclamado Congresso Nacional Geral (CNG), atua na capital Trípoli, no oeste do país, onde funciona um Parlamento e um governo que comanda de facto a parte mais importante da Líbia. O CNG é apoiado pela coalizão de milícias Fajr Libya (Alvorada Líbia). Em meio ao fogo cruzado, cerca de 1,5 mil milícias operam de maneira independente, lutando pelos próprios interesses e de acordo com alianças de ocasião.
Após o ataque de ontem em Misrata, o CNG pediu, em comunicado, união contra o EI. "(Pedimos) oficiais e soldados do Estado-maior do Exército líbio, a forças do Ministério do Interior e de todos os serviços de segurança, assim como a revolucionários da (brigada) 17 de Fevereiro em todas as cidades uma mobilização urgente", diz o texto lido pelo primeiro-ministro Khalifa al-Ghawi. O comunicado destacou que o governo está "determinado a combater o extremismo".
O braço líbio do EI declarou guerra às forças que controlam a capital. Aproveitando-se da instabilidade no país, o grupo já controla trechos da região de Sirte, a leste de Trípoli. Fontes de milícias citadas pelo jornal The New York Times disseram que, com o ataque de ontem, os jihadistas, a partir de Sirte, já conseguiram expandir seu território e fazer com que as milícias rivais em Misrata, a cerca de 250 quilômetros dali, recuassem.
/ EFE, AFP e NYT