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Ataque suicida do EI mata 5 na Líbia e confirma avanço dos jihadistas no país

Um ataque suicida ontem na cidade de Misrata, na Líbia, matou cinco pessoas e deixou oito feridos numa ação cuja autoria foi reivindicada pelo braço líbio do Estado Islâmico (EI). Os mortos eram integrantes de milícias aliadas do governo de facto, instalado na capital Trípoli. O atentado mostra o avanço dos jihadistas na Líbia no mesmo momento em que o EI ganha terreno no Iraque e na Síria.

Por MISRATA e LÍBIA
Atualização:

A contínua expansão do EI na Líbia tem alarmado autoridades ocidentais, temerosas da aproximação do conflito com a Europa, do outro lado do Mar Mediterrâneo. O avanço do grupo em território líbio também permite que os jihadistas tenham uma base de operações alternativa às que o grupo já tem na Síria, especialmente após a conquista de Palmyra, e no Iraque, depois da tomada de Ramadi.

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O oficial de uma das brigadas que combatem o EI em Misrata, Suliman Ali Mousa, confirmou ao New York Times que nos últimos três dias seus combatentes têm recuado diante do avanço dos jihadistas ao leste, sul e oeste de Sirte. Na sexta-feira, o EI ocupou a base militar de Al-Qardabiya, de onde é controlado o aeroporto de Sirte, no litoral do Mar Mediterrâneo

No atentado de ontem, um suicida jogou o carro carregado de explosivos contra o principal posto de checagem de Misrata. Vários veículos e lojas nos arredores foram atingidos. Em comunicado divulgado pelo Twitter, o EI reivindicou a responsabilidade pelo ataque que, segundo o grupo, foi conduzido por um jihadista tunisiano.

A informação de que havia aliados entre as vítimas do ataque de ontem levou o governo líbio a convocar uma "mobilização urgente" contra o EI, que vem explorando o vácuo de poder deixado pelo fim da ditadura de Muamar Kadafi, em 2011.

Após a queda de Kadafi, dois grupos rivais passaram a lutar pelo poder na Líbia. Um grupo opera no leste do país, com um Parlamento eleito estabelecido na cidade de Tobruk, que conta com o reconhecimento internacional e apoio do Exército nacional. O outro grupo, autoproclamado Congresso Nacional Geral (CNG), atua na capital Trípoli, no oeste do país, onde funciona um Parlamento e um governo que comanda de facto a parte mais importante da Líbia. O CNG é apoiado pela coalizão de milícias Fajr Libya (Alvorada Líbia). Em meio ao fogo cruzado, cerca de 1,5 mil milícias operam de maneira independente, lutando pelos próprios interesses e de acordo com alianças de ocasião.

Após o ataque de ontem em Misrata, o CNG pediu, em comunicado, união contra o EI. "(Pedimos) oficiais e soldados do Estado-maior do Exército líbio, a forças do Ministério do Interior e de todos os serviços de segurança, assim como a revolucionários da (brigada) 17 de Fevereiro em todas as cidades uma mobilização urgente", diz o texto lido pelo primeiro-ministro Khalifa al-Ghawi. O comunicado destacou que o governo está "determinado a combater o extremismo".

O braço líbio do EI declarou guerra às forças que controlam a capital. Aproveitando-se da instabilidade no país, o grupo já controla trechos da região de Sirte, a leste de Trípoli. Fontes de milícias citadas pelo jornal The New York Times disseram que, com o ataque de ontem, os jihadistas, a partir de Sirte, já conseguiram expandir seu território e fazer com que as milícias rivais em Misrata, a cerca de 250 quilômetros dali, recuassem.

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/ EFE, AFP e NYT

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