HONG KONG - Três emblemáticos ativistas do movimento pró-democracia de Hong Kong ganharam a apelaçãode sua condenação por seu papel na chamada "revolução dos guarda-chuvas", nesta terça-feira, 6, depois de recorrerem à mais alta instância judicial da ex-colônia britânica.
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Joshua Wong, figura-símbolo da revolta, Nathan Law e Alex Chow disseram, no entanto, que apesar da reversão da pena, não há o que comemorar no país já que a liberdade de consciência e de expressão segue ameaçada no território.
Os três ativistas foram condenados em agosto a penas que variam de seis a oito meses de prisão. Essa condenação foi decidida após a apelação da Procuradoria. O órgão reivindicava penas mais duras do que as decididas em primeira instância, que foram "trabalhos de interesse geral, ou liberdade condicional".
Os três foram soltos após pagamento de fiança semanas depois, à espera de um recurso na Corte de Apelações, a principal jurisdição de Hong Kong.
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O juiz Geoffrey May destacou que o trio recebeu penas "significativamente mais graves" do que as que geralmente são aplicadas em casos de manifestação ilegal.
Levando em consideração o idealismo dos acusados, sua juventude e o fato de não terem antecedentes criminais, o tribunal em primeira instância deu um veredicto apropriado, avaliou May.
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Os rapazes foram condenados por seu papel no protesto ilegal de 26 de setembro de 2014. Os manifestantes haviam escalado barreiras metálicas e entrado na Civic Square, uma praça situada em um complexo do governo.
Essa ação deflagrou manifestações ainda maiores. Dois dias depois, começou o movimento pró-democrático de massas, quando a polícia lançou gás lacrimogêneo contra a multidão, que se protegeu com guarda-chuvas.
Durante mais de dois meses, milhares de cidadãos de Hong Kong paralisaram bairros inteiros da cidade para reivindicar a instauração de um verdadeiro sufrágio universal. Pequim não cedeu.
As relações entre China e Hong Kong são regidas pelo princípio de "um país, dois sistemas" desde que o Reino Unido devolveu o território em 1997 depois de 150 anos de mandato britânico. / AFP