Austrália pede perdão a 500 mil imigrantes abusados na infância

Jovens foram submetidos a violência física e trabalho forçado em orfanatos públicos entre 1920 a 1970

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Por Efe
Atualização:

O primeiro-ministro da Austrália, Kevin Rudd, pediu nesta segunda-feira, 16, desculpas em nome do Estado a cerca de meio milhão de crianças que sofreram abusos e exploração de trabalho nos orfanatos públicos entre as décadas de 1920 e 1970, para onde foram enviados à força ou enganados.

 

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Parte desses "australianos esquecidos" nos orfanatos vinham do Reino Unido e da Irlanda e eram considerados órfãos e separados à força de suas famílias pelss autoridades, ou eram convencidos a virem para a Austrália com promessas de uma vida melhor.

 

"Olhamos para atrás envergonhados de que passaram frio, fome e solidão, e sem ter ninguém para pedir ajuda", disse o trabalhista Rudd em um pronunciamento no Parlamento australiano, transmitido ao vivo pela televisão nacional.

 

"Sofreram abusos físicos, humilhações cruéis, violações sexuais. Nos envergonhamos de termos permitido que os que tinham poder abusassem dos que não tinham", lamentou Rudd, que assegurou que essas desculpas serviriam para que estes "horrores" não se repetissem.

 

Cerca de 900 pessoas, vítimas dos abusos e familiares, viajaram de todas as partes da Austrália para participar da sessão parlamentar em Camberra. 

 

O parlamento aprovou em seguida uma lei que oferece "cuidados especiais" para as vítimas quando se aposentarem, que não contempla compensações econômicas.

 

Entre as vítimas, estavam muitos menores que embarcaram do Reino Unido na crença de que seus pais haviam falecido, o que nem sempre era verdadeiro. A nova lei prevê a criação de uma base de dados nacional para que as vítimas possam encontrar e restabelecer as relações com suas famílias na antiga metrópole.

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Rayleene O´Hehir, que junto com suas irmãs foi internada em um orfanato de Sidney há mais de meio século, disse à imprensa australiana que sentiu sobretudo alívio, "porque agora todos sabem o que realmente aconteceu".

 

Está previsto que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, também peça oficialmente perdão às milhares de crianças que foram enviadas a suas antigas colônias na Austrália, Canadá e Nova Zelândia durante o século passado para acabar em orfanatos como mão de obra infantil.

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