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B-52 deve ser operacional por 100 anos

'Fortaleza Voadora', que começou sua carreira militar em 1952, ganha estímulo da Força Aérea para se manter na ativa pelo menos até 2052

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B-2 em base cedida à Otan Foto: Andrew Winning/Reuters

A base da aviação americana em Barksdale, na Louisiana, vive uma certa agitação - espera ordens para ir à guerra, despachando seus pesados jatos de bombardeio para o Oriente Médio. A missão é fazer chover aço e fogo sobre alvos do Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Os seis bombardeiros mobilizados inicialmente para a tarefa têm em média 60 anos, e continuam muito eficientes. Os B-52H Stratofortress, subordinados ao Comando Global da Força Aérea dos EUA voltarão à região pela segunda vez em cerca de 24 anos. Participaram das operações na Guerra do Golfo e, depois, na Guerra do Iraque. É possível que tenham feito incursões secretas, pontuais, na área. O deslocamento das poderosas aeronaves de 8 motores e peso máximo de 221 toneladas é o primeiro após a decisão do Pentágono de manter o modelo em atividade até 2040 - terá, então, 88 anos. A Defesa americana olha para 2052 - quer fazer do B-52 o único avião militar mantido continuamente em serviço por um século de ações de combate. A Boeing produziu 744 unidades por 10 anos, de 1952 a 1962. Resta em atividade uma boa frota, de 72 mal-encarados Buff, ou, Grande, Feio e Gordo Parceiro, do acrônimo em inglês para "Big, Ugly and Fat Fellow". A asa do B-52H mede 56,5 metros de ponta a ponta - tão longa que, em determinadas condições de peso, precisa de dois suportes nas extremidades no momento da decolagem. As "muletas" caem depois que o jato inicia a subida. O comprimento de 48 metros abriga compartimentos para 31,7 toneladas de armas diversas, transportadas ao mesmo tempo: mísseis de cruzeiro, bombas inteligentes, minas terrestres e navais, bombas de gravidade não guiadas e torpedos. Há, ainda, o arranjo mais antigo e sinistro - nove tipos de artefatos nucleares, dos quais o jato pode transportar até 20 vetores conforme a configuração. Quando era o avião estratégico principal, da força atômica dos EUA, o B-52 foi o transportador, em 1956, da bomba de hidrogênio para testes sobre o Atol de Bikini. O voo simulava o bombardeio a um "objetivo inimigo", e não apenas o ensaio de avaliação do sistema. Um gigante desc0nfortável. Os cinco ou seis tripulantes distribuídos em dois andares, dividem uma cabine apertada, coberta por instrumentos analógicos. Claro, não há banheiro. Há uma espécie de coletor individual de dejetos. E, sim, lá está o forno de aquecer a comida. Elétrico, não de microondas.Tom e Jerry. Na Guerra Fria, os Buff cumpriam um tipo de missão de alto risco. A Chrome Dome mantinha 13 bombardeiros no ar dia e noite - 12 deles carregando bombas nucleares e um a certa distância, com um general a bordo do posto de comando. A rota seguida pelo grupo formava um leque a partir de Barksdale em direção ao norte, na linha do Estreito de Bering, rumo à URSS. A aeronave de controle tinha capacidade para se manter no ar por 15 horas sem reabastecimento. Todos os demais recebiam o combustível em ao menos duas ocasiões. O Congresso exigiu em 1962 que esse procedimento fosse esclarecido. Haviam sido completadas 6.279 missões. O objetivo do Processo Tom & Jerry, como foi chamado na comissão especial do Senado era reagir imediatamente "a uma eventual agressão das forças de Moscou". Na Guerra do Vietnã, o avião efetuou 126,8 mil bombardeios, lançando 23 mil toneladas de explosivos. Os sucessores do B-52, jamais atenderam à expectativa e custaram muito caro. O B-l, de asas de geometria variável, teve falha de motores no dia da apresentação. O B-2 Spirit, a US$ 2 bilhões cada, avião "invisível" aos olhos eletrônicos, é delicado - a tal ponto que precisa ser mantido em hangares climatizados e, pior que isso, seu radar não funciona bem sob a chuva. A versão H, a mais avançada do sexagenário B-52, saiu a US$ 53 milhões depois de revitalizada, em 1998. A primeira fornada da série B, de 1952, custou US$ 10 milhões a peça.

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