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Bento XVI renuncia ao título de Patriarca do Ocidente

Por Agencia Estado
Atualização:

Bento XVI renunciou ao tradicional título de Patriarca do Ocidente, por motivo de "realismo histórico e teológico", acreditando que assim "pode contribuir para o diálogo ecumênico", informou nesta quarta-feira o Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos. O dicastério vaticano (autoridade católica) acrescentou que, no Anuário Pontifício de 2006, já não aparece o título de Patriarca do Ocidente, um dos nove que acompanhavam até agora o papa, e que isso não representa que o Pontífice pretenda fazer "novas reivindicações". Os títulos que acompanhavam o papa eram, até agora, Bispo de Roma, Vigário de Cristo, Sucessor do Príncipe dos Apóstolos, Máximo Pontífice da Igreja Universal, Patriarca do Ocidente, Primaz da Itália, Arcebispo e Metropolitano da Província Romana, Soberano do Estado da Cidade do Vaticano e Servo dos Servos de Deus. Após fazer um breve histórico, o dicastério vaticano indicou que, do ponto de vista histórico, os antigos patriarcados do Oriente fixados pelos concílios de Constantinopla e de Calcedônia se referiam a um território claramente circunscrito, "enquanto que o território da sede do Bispado de Roma era mais impreciso". No Oriente, no âmbito do sistema eclesiástico imperial de Justiniano, junto aos quatro Patriarcados orientais - Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém -, se incluía o papa como Patriarca do Ocidente. Neste contexto, Roma privilegiou a idéia de três sedes episcopais de Pedro: Roma, Alexandria e Antioquia. O título de Patriarca do Ocidente foi usado pela primeira vez pelo papa Teodoro I no ano 642 d.C. Nos anos seguintes, o termo não teve um significado claro e foi entre os séculos XVI e XVII, "no meio da multiplicação dos títulos do papa" - precisou o dicastério vaticano - que se consolidou. A primeira vez que esse título aparece no Anuário Pontifício é em 1863. O Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos acrescentou que atualmente o termo Ocidente não se refere apenas à Europa Ocidental, ele se estende a EUA, Austrália e à Nova Zelândia, e, se o objetivo é dar ao termo um significado aplicável à linguagem jurídico-eclesial, "só pode ser entendido como uma referência à Igreja latina". "Por isso, o título de Patriarca do Ocidente, desde o começo pouco claro, com a passagem da história foi se transformando em obsoleto e praticamente não era mais usado. Não tem sentido mantê-lo. Sobretudo depois que a Igreja Católica, com o Concílio Vaticano II, encontrou para a Igreja Latina na forma das Conferências Episcopais o ordenamento canônico adequado às necessidades de hoje", destacou o organismo vaticano. Na Igreja Católica ainda se mantêm os patriarcados de Lisboa (seu titular é o cardeal José da Cruz Policarpo), Veneza (Itália, com o cardeal Angelo Scola) e Jerusalém (Michel Sabbah).

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