Brasil é um dos países menos receptivos a refugiados, diz ONU
Estudo feito em meio à maior crise da história mostra o País na 137ª posição entre as 197 nações avaliadas
Por Jamil Chade CORRESPONDENTE e GENEBRA
Atualização:
O Brasil é um dos países menos solidários com a crise de refugiados no mundo. Dados revelados ontem pela ONU apontam para as baixas taxas de recepção de estrangeiros no Brasil, diante da maior crise de refugiados da história e com um novo recorde de mais de 65 milhões de pessoas afetadas pelo mundo.
Se o número absoluto de estrangeiros no Brasil pode ser importante, a entidade calcula a capacidade de um país tendo em vista o tamanho de sua população e de sua economia. Por esses critérios, o Brasil tem sido um dos menos abertos.
Refugiados no mundo
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Refugiados ultrapassam de 43,7 milhões no mundo; motivos são conflitos armados e perseguições
Refugiados ultrapassam de 43,7 milhões no mundo; motivos são conflitos armados, perseguição, violência e desastres naturais Foto: Dai Kurokawa/EFE
Guarda-chuvas simbolizam a proteção aos refugiados e deslocados de um país
Guarda-chuvas simbolizam a proteção aos refugiados e deslocados de um país Foto: Lisi Niesner/Reuters
Refugiados sírios protestam contra o presidente Bashar al-Assad, na Turquía
Refugiados sírios protestam contra o presidente Bashar al-Assad, na Turquía Foto: Umit Bektas/Reuters
Etnia Chin residente na India protesta por problemas e perseguições policias que ocorrem em Mianmar
Etnia Chin residente na India protesta por problemas e perseguições policias que ocorrem em Mianmar Foto: Parivartan Sharma/Reuters
Angelina Jolie e representante da ONU conversam com imigrantes de Lampedusa, na Itália
Angelina Jolie e representante da ONU conversam com imigrantes de Lampedusa, na Itália Foto: Jason Tanner/EFE
Sírios aguardam tranferência para campo de refugiados na Turquia
Sírios aguardam tranferência para campo de refugiados na Turquia Foto: Umit Bektas/Reuters
Somalis refugiados no Quênia estudam em campo do Conselho da Noruega
Somalis refugiados no Quênia estudam em campo do Conselho da Noruega Foto: Dai Kurokawa/EFE
Vista das cabanas para refugiados em acampamento da Quênia
Vista das cabanas para refugiados em acampamento da Quênia Foto: Dai Kurokawa/EFE
Afegão mostra sua identidade ao partir para a Agência da ONU para Refugiados, no Paquistão
Afegão mostra sua identidade ao partir para a Agência da ONU para Refugiados, no Paquistão Foto: Bilawal Arbab/EFE
Islâmicos preparam a volta às suas casas após repressão do exército em Usbequistão
Islâmicos preparam a volta às suas casas após repressão do exército em Usbequistão Foto: Afzal Shah/EFE
"Viver com segurança": organização pede maior atenção aos refugiados da Holanda
"Viver com segurança": organização pede maior atenção aos refugiados da Holanda Foto: Koen Van Weel/EFE
Islâmicos preparam a volta às suas casas após repressão do exército em Uzbequistão
Islâmicos preparam a volta às suas casas após repressão do exército em Uzbequistão Foto: Afzal Shah/EFE
Muçulmano vive há 14 anos em campo de refugiados após a guerra da Bósnia
Muçulmano vive há 14 anos em campo de refugiados após a guerra da Bósnia Foto: Amel Emric/AP
Afegãos deixam o país por causa de guerras e secas
Afegãos deixam o país por causa de guerras e secas Foto: Mohammad Zubair/AP
Etnia Chin residente na India protesta por problemas e perseguições policias que ocorrem em Mianmar
Etnia Chin residente na India protesta por problemas e perseguições policias que ocorrem em Mianmar Foto: Tsering Topgyal/AP
Fata Ibrahimovic, 65, aguarda para retornar à Sarajevo
Fata Ibrahimovic, 65, aguarda para retornar à Sarajevo Foto: Amel Emric/AP
Afegã cuida de seu irmão em campo de refugiado, no Afeganistão
Afegã cuida de seu irmão em campo de refugiado, no Afeganistão Foto: Gemunu Amarasinghe/AP
Menina afegã aguarda para ser repatriada pela Agência da ONU no Paquistão
Menina afegã aguarda para ser repatriada pela Agência da ONU no Paquistão Foto: Bilawal Arbab/EFE
Atores comemoram o Dia Mundial do Refugiado em San José, na Costa Rica
Atores comemoram o Dia Mundial do Refugiado em San José, na Costa Rica Foto: Jeffrey Arguedas/EFE
Refugiados sírios no acampamento na Turquia
Refugiados sírios no acampamento na Turquia Foto: Umit Bektas/Reuters
Sírios protestam contra o regime de seu país em campo de refugiados na Turquia
Sírios protestam contra o regime de seu país em campo de refugiados na Turquia Foto: Burhan Ozbilici/AP
Refugiados sírios no acampamento na Turquia
Refugiados sírios no acampamento na Turquia Foto: Umit Bektas/Reuters
Refugiados sírios no acampamento na Turquia
Refugiados sírios no acampamento na Turquia Foto: Umit Bektas/Reuters
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No total, haviam 8,7 mil refugiados no Brasil até o final de 2015. Outros 20,8 mil casos aguardavam definição. O governo de Dilma Rousseff anunciou a concessão de vistos humanitários aos sírios e, no início do ano, prorrogou a iniciativa.
Mas, para o Alto-Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur), não é apenas os números absolutos que devem contar diante da pior crise de refugiados já registrada. Para cada mil brasileiros, existe apenas 0,04 refugiado no País, uma das menores taxas do mundo. Em contraste com o Líbano, onde há mais de 180 refugiados para cada mil pessoas.
São 32 para cada mil habitantes na Turquia, mais de 80 para cada mil jordanianos e 8 para cada mil suíços.
Por esse critério, o Brasil ocupa apenas a 137ª posição entre as nações mais generosas entre 197 países avaliados. Governos europeus duramente criticados por fechar suas fronteiras aos refugiados recebem, em termos proporcionais, um número maior que o Brasil, entre eles Grécia, Hungria, Itália, Portugal ou França.
Pela dimensão territorial, o Brasil também mostra que não é dos mais abertos e ocupa apenas a 148ª posição. O País tem apenas 1 refugiado para cada mil quilômetros quadrados. Na Dinamarca, são 616 refugiados para o mesmo território. Em Uganda, são mais de 1,9 mil refugiados para cada mil quilômetros quadrados. Em termos econômicos, o Brasil também não mostra solidariedade e ocupa a modesta 76ª posição. Os dados apontam para apenas 0,5 refugiado por dólar do PIB.
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Para fontes do alto escalão do Acnur, os números colocam em questão a imagem que a diplomacia nacional tentou passar nos últimos anos de um país aberto a receber refugiados.
Recorde. O número de refugiados no mundo atinge um patamar sem precedentes. Ao final de 2015, mais de 65 milhões de pessoas estavam fora de suas casas, cidades ou países, na pior crise já registrada, indica estudo da ONU. A entidade alerta que, ao contrário da percepção que partidos políticos na Europa tentam criar de que estão sendo “invadidos”, países pobres recebem sete vezes mais estrangeiros que as economias ricas.
No total, 65,3 milhões de pessoas estavam deslocadas ao final de 2015, 10% a mais que em 2014. As crianças representam 51% dos refugiados do mundo. Apenas três nacionalidades – 4,9 milhões de sírios, 2,7 milhões afegãos e 1,1 milhão de somalis – somam metade dos refugiados do mundo.