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Brasil participará de reunião de doadores da Síria em Londres

Conferência tentará levantar cerca de US$ 9 bilhões para a população que permanece na Síria e para os refugiados em países da região; nota do Itamaraty não fala em valores, mas menciona doar alimentos e contribuição financeira ao Acnur

Atualização:

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representará o Brasil nesta quinta-feira, 4, em Londres, na Conferência Internacional de Apoio à Síria e Região. Além de Brasil, estarão representantes de cerca de 80 países e diversas organizações. A reunião foi confirmada em nota divulgada pelo Itamaraty. 

De acordo com o texto, a conferência tem por objetivo "ampliar a base de recursos para garantir assistência à população síria que permanece no país". Ajudará também a população refugiada acolhida por países da região, como a Turquia e Jordânia, para suprir necessidades emergenciais e assegurar seu acesso a oportunidades de trabalho e educação. 

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira Foto: Wilson Dias/ABr

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A reunião é presidida pela Grã-Bretanha e tentará reunir US$ 9 bilhões. Nesta quarta-feira, mais cedo, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que a comunidade internacional precisa fazer algo além de dar dinheiro à população síria. "Temos de entrar em acordo sobre ações concretas", disse ele, pedindo que os países forneçam oportunidades de empregos e educação aos refugiados nos países vizinhos. 

A nota do governo brasileiro não fala em valores específicos, mas afirma que o Brasil "deverá reiterar sua disposição de doar alimentos à Síria e a países vizinhos, além de anunciar contribuição financeira ao Acnur (agência da ONU para refugiados) para promover ações de proteção e assistência a refugiados". 

Segundo o comunicado, o governo deverá reafirmar seu apoio aos esforços do enviado das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Mistura, na busca de solução pacífica para o conflito. No entanto, quase ao mesmo tempo, Mistura anunciava, em Genebra, a "suspensão temporária" do processo de paz que, segundo ele, deverá ser retomado no dia 25.

Staffan de Mistura (E) lidera reunião com representantes do governo Assad em Genebra Foto: AFP / FABRICE COFFRINI

"A participação brasileira na Conferência de Londres renova a solidariedade do Brasil com o povo sírio e com os países do entorno", afirma a nota do Itamaraty. Ela lembra que o Brasil esteve presente nas três conferências anteriores de apoio à Síria e região, realizadas pelo Kuwait em 2013, 2014 e 2015, quando ofereceu doações realizadas por meio do Acnur e do Unicef. 

"Em 2015, o Governo brasileiro prorrogou, por dois anos, sua política humanitária de emissão de vistos em favor de pessoas afetadas pelo conflito na Síria, já tendo acolhido mais de 2 mil refugiados de nacionalidade síria no Brasil", lembrou o comunicado. 

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Entre os convidados, estarão também a chanceler alemã, Angela Merkel, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o primeiro-ministro do Líbano, Tammam Salam, e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi. 

Emprego. Cameron apelou também por melhores laços comerciais entre a Jordânia e a União Europeia, e defende que os países vizinhos imponham quotas de empregos para sírios em certos setores.

Com a popularidade de Merkel caindo por sua decisão de dar as boas-vindas a centenas de milhares de imigrantes e refugiados, a Alemanha chega à reunião com o objetivo similar de limitar novas chegadas. "No longo prazo, a educação e o emprego devem contribuir para conter o fluxo de refugiados à Europa", disse o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier.

O ministro de Desenvolvimento alemão, Gerd Muller, disse recentemente à imprensa de seu país que uma "aliança trabalhista" pode ajudar a criar meio milhão de empregos para refugiados em Jordânia, Turquia e Líbano. A esperança é que as políticas para impulsionar o emprego em geral também aliviem o crescente ressentimento da população local pela ajuda aos refugiados.

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Educação. A conferência se concentrará em grande parte na educação, destacando que 700 mil crianças refugiadas não têm acesso à escolarização. "São necessários esforços e recursos concertados urgentes para salvar esta geração de crianças. É uma corrida contra o relógio", disse Peter Salama, diretor-geral da Unicef para o Oriente Médio e o Norte da África.

Diante do risco de que toda uma geração seja perdida, Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa ganhadora do prêmio Nobel da Paz, fez um pedido para que os doadores comprometam US$ 1,4 bilhão ao ano para educar as crianças refugiadas sírias.

Para conseguir tudo isso, os doadores terão de mostrar mais generosidade que no ano passado, quando a ONU e suas agências receberam apenas US$ 3,3 bilhões US$ 8,4 bilhões que haviam solicitado. / COM AFP 

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