Bush reúne gabinete para avaliar a guerra

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Por Agencia Estado
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Depois da cerimônia ecumênica realizada no Pentágono para homenagear as 189 pessoas que ali morreram nos atentados de 11 de setembro, o presidente norte-americano George W. Bush reuniu seu ministério para fazer um primeiro balanço da campanha contra o terrorismo. À noite, ele concedeu a primeira entrevista coletiva formal desde que chegou à presidência. A convocação da entrevista, no salão nobre da Casa Branca, chegou a suscitar rumores de que Bush teria um anúncio espetacular a fazer, tal como a prisão ou a morte de Osama bin Laden, o líder da Al-Qaeda. O Pentágono e a Casa Branca desmentiram os rumores. Entre as várias motivações da entrevista, uma certamente foi a de envolver Bush diretamente na batalha pela informação e a propaganda, que surgiu nos últimos dias como uma nova frente da guerra contra o terrorismo. A publicidade que as emissoras de tevê dos Estados Unidos deram às declarações, gravadas em vídeo, de Bin Laden e seus assessores, desde o início dos ataques aéreos contra o Afeganistão, preocupa Bush. O secretário de Imprensa, Ari Fleischer, classificou essas declarações de "propaganda insidiosa". Na quarta-feira, a conselheira de Segurança Nacional, Condoleeza Rice, alertou os executivos das emissoras para a possibilidade de Bin Laden estar passando, nestas declarações, mensagens em códigos a seus comandados e pediu para que eles as examinem com cuidado antes de colocá-las no ar. Washington também não tem escondido sua exasperação com a rede de televisão a cabo Al-Jazeera, de língua árabe, a única presente em Cabul. A rede, que é controlada pelo governo do emirado de Catar, tem apresentado todos os lados da guerra a um público de mais de 300 milhões de árabes e islâmicos em todo o mundo. Em visita ao emirado de Omã, esta semana, o primeiro-ministro da Inglaterra, Tony Blair, reconheceu que a rede de tevê árabe representa um novo desafio para os governos do Ocidente no controle do fluxo de informações durante crises internacionais, que até agora era virtualmente monopolizado pela CNN. "Uma coisa que está ficando cada vez mais clara para mim é a necessidade de melhorar nossas operações de imprensa e opinião pública nos mundos árabe e islâmico", disse Blair. Nestes 30 dias depois dos ataques terroristas muito mudou nos Estados Unidos, a começar pelo próprio Bush. Um político hesitante, que chegou ao poder em circunstâncias questionáveis e parecia ter dificuldades para focalizar as complexas questões do governo, Bush praticamente reinventou-se nas últimas semanas. "Ele encontrou sua voz como presidente durante a crise e tem conduzido o país com firmeza", afirmou nesta semana a ex-primeira dama e senadora democrata por Nova York Hillary Clinton. Um líder claramente mais seguro de si, Bush comanda hoje uma das maiores taxas de popularidade de que um ocupante da Casa Branca já desfrutou. Nove entre dez americanos aprovam as ações armadas dos Estados Unidos no Afeganistão. Na mesma proporção, os americanos de origem árabe apóiam a campanha militar contra a Al-Qaeda e o Taleban e se dizem satisfeitos com os esforços de Bush para diferenciar os autores e inspiradores dos ataques dos árabes e islâmicos, dentro e fora do país. Durante a cerimônia no Pentágono, Bush aproveitou para preparar os americanos para um longo conflito. Segundo o presidente, os seqüestradores dos três aviões que se chocaram contra os dois prédios e de um quarto, que se estatelou no interior da Pensilvânia, "eram instrumentos do mal e morreram em vão". Os mentores dos atentados "serão isolados, cercados e encurralados até que não tenham nenhum lugar para onde correr, se esconder ou descansar", prometeu. E os militares terão "tudo o que precisarem - todos os recursos, todas as armas e todos os meios - para garantir a plena vitória dos Estados Unidos". Leia o especial

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