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Campanha presidencial francesa passa por Porto Alegre

Por Agencia Estado
Atualização:

A noventa dias das eleições presidenciais na França a campanha eleitoral será esvaziada durante alguns dias, de 31 de janeiro a 5 de fevereiro, diante da verdadeira revoada de candidatos e dirigentes políticos franceses, de diversos horizontes políticos, que já confirmaram que devem viajar para o Brasil, onde esperam participar do Fórum Social e Econômico de Porto Alegre ou de suas manifestações paralelas. Seis ministros do governo atual, três candidatos a Presidência da República, o presidente da Assembléia Nacional, o primeiro secretário do Partido Socialista, conselheiros diretos do presidente Jacques Chirac e do primeiro ministro Lionel Jospin preparam-se para partir, praticamente transferindo por alguns dias para a capital do Rio Grande do Sul, o debate político francês. Dessa forma, essa reunião de cúpula tida como a Meca do movimento anti-globalização, constituirá uma passagem obrigatória da campanha eleitoral francesa, cujo primeiro turno está marcado para o dia 21 de abril. Ao mesmo momento, em Nova York, para onde se transferiu o encontro anual de Davos, na Suíça, o governo francês deverá enviar dois ministros, o da Economia, Laurent Fabius, e o do Exterior, Hubert Védrine. Essa maciça presença de dirigentes políticos europeus no Forum Econômico e Social de Porto Alegre revela que essa iniciativa passou a integrar o cenário político, social e econômico internacional, segundo admitem mesmo os dirigentes de grupos conservadores, entre eles o presidente Chirac da França. Seu principal assessor político e econômico do presidente francês, o empresário Jerome Monod, responsável pela articulação de sua campanha presidencial convidou o presidente de Attac, o jornalista Bernard Cassen, para um encontro no Palácio do Eliseu pretendendo discutir as teses mais caras dessa associação que objetiva, entre outras coisas, impor uma taxa sobre os capitais especulativos internacionais , a conhecida "Taxa Tobin". Ainda nesse último sábado, o grupo Attac tornou público , numa reunião que contou com a presença de três mil pessoas no Zenith, em Paris , seu "Manifesto 2000", onde são apresentadas suas principais reivindicações no momento em que está sendo lançada a campanha eleitoral na França. O grupo Attac quer evitar que a campanha eleitoral passe ao largo de temas fundamentais, como o dos mercados internacionais, o das empresas transnacionais e o do FMI e Banco Mundial que, segundo a associação, "hoje lavam as mãos da situação catastrófica que seus insistentes "diktats" contribuíram para mergulhar a Argentina numa profunda crise". "Espetáculo de lantejoulas" - Só o candidato a presidente do Partido Comunista francês (PCF), Robert Hué, não está disposto a comparecer a Porto Alegre. Ele denunciou esse tipo de reunião dizendo que " o terceiro mundo merece muito mais do que esse espetáculo de lantejoulas". Sua posição não é unânime no partido, pois a ministra de Esportes, Marie George Buffet, recentemente eleita número dois do PCF para dividir as responsabilidades de direção com Hué, será uma das ministras presentes ao encontro de Porto Alegre. O presidente Jacques Chirac e o primeiro ministro Lionel Jospin, ambos candidatos à Presidência, não farão a viagem a Porto Alegre, mas enviam representantes. Jean Pierre Chevenement, o candidato do "pólo republicano", terceiro nome citado pelas pesquisas na disputa eleitoral volta a participar do Forum Social e Econômico como no ano passado, mas também o candidato dos verdes, Noel Mamére e o da Liga Comunista Revolucionária, Olivier Besancenot. Mais uma vez, José Bové, o porta-voz de um dos principais sindicatos agrícolas, a Confederação Paisana, estará presente. Já o presidente da Assembléia Nacional, Raymond Forni, terceira personalidade da República, segue para o Brasil à frente de uma delegação parlamentar, da qual participarão deputados de partidos de diversas tendências, de esquerda e direita. Quanto aos ministros, já confirmaram suas presenças o da Cooperação, Charles Josselin; Jean Luc Melechon, Ensino Profissional; Marie Noelle Lienemann, Habitação; Christian Paul, ministro dos Departamentos de Ultramar , além do verde Guy Hascoet, secretário da Economia Solidária. O presidente Jacques Chirac indicou como seu enviado especial, o conselheiro diplomático do Palácio do Eliseu, Jerôme Bonnefond. Desde a reunião do G7 de Gênova, o presidente da República da França tem observado o crescimento dos movimentos anti - globalização, convencendo-se de que não poderia mais marginaliza-los . Ele foi o primeiro entre os chefes de Estado e de governo do G7, a reagir após as manifestações de rua ocorridas na Itália: "120 ou 150 mil pessoas não se mobilizariam dessa forma se algo muito sério não estivesse preocupando-as".

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