LONDRES - O candidato à presidência do Equador, Guillermo Lasso quer conceder um mês ao fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, para sair da embaixada equatoriana em Londres, se vencer as eleições, que ocorrem ainda neste mês no país.
Em declarações ao jornal britânico The Guardian publicadas nesta quinta-feira, 9, Lasso, do partido de centro direita CREO, disse que já chegou a hora de o jornalista, refugiado na embaixada desde 2012, sair do prédio porque sua situação custa muito dinheiro ao Equador.
“O povo equatoriano tem arcado com um custo que não deveríamos ter que suportar. Cordialmente, pediremos ao senhor Assange que saia em 30 dias após eu assumir o mandato”, afirmou Lasso. A votação acontecerá no dia 19 e ele não está na liderança da disputa presidencial.
Assange, cujo site divulgou documentos confidenciais do governo americano, permanece refugiado para evitar ser extraditado para a Suécia por ligação com supostos delitos sexuais. Ele teme que depois acabe sendo levado aos EUA para ser processado.
O ministro das Relações Exteriores do Equador, Guillaume Long, disse ao Guardian que a embaixada de seu país em Londres deve ser “a mais observada” do mundo e lembrou a precária situação em que vive o jornalista.
“É uma situação precária. Quanto à comodidade física, temos feito tudo o que podemos, mas não há acesso a um espaço exterior. Não há pátio ou jardim. É dessa forma que ele tem passado os últimos quatro anos e meio no primeiro andar do edifício em Londres, onde não há muita luz, especialmente no inverno”, explicou Long.
A Suécia pede a extradição de Assange para esclarecer seu suposto envolvimento em quatro delitos de natureza sexual. Ele nega todas as acusações.
Assange afirmou em janeiro que se Barack Obama suspendesse a condenação da ex-soldado Chelsea Manning, ele se entregaria à Justiça americana. Antes de deixar o poder no dia 20, o então presidente americano aceitou comutar a sentença da ex-agente, que será solta em 17 de maio.
Ela foi a responsável por divulgar em 2010 a Assange um número recorde de documentos secretos (470 mil registros das guerras do Iraque e Afeganistão, 250 mil telegramas do Departamento de Estado e outros documentos secretos). O caso representou um revés para a diplomacia americana quando o WikiLeaks publicou os registros. / EFE