Caracas acusa EUA de tentarem se apropriar de petróleo venezuelano

Em reunião na OEA, chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, denuncia 'plano americano de intervenção'; representante de Washington nega intenção de desestabilizar ou derrubar Maduro

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Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington
Atualização:
Chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, acusou EUA de ter 'plano de intervenção' para se apropriar do petróleo do país Foto: Jose Luis Magana/AP

WASHINGTON - Venezuela e Estados Unidos trocaram acusações hoje na Organização dos Estados Americanos (OEA), onde Caracas acusou Washington de uma conspiração para intervir no país e se apoderar de suas reservas de petróleo, ao que o representante americano respondeu com a declaração de que seu governo não "está preparando uma invasão militar" nem busca derrubar o presidente Nicolás Maduro.

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A origem do embate é a ordem executiva do presidente Barack Obama que qualificou a Venezuela de uma ameaça à segurança nacional e impôs sanções a sete autoridades venezuelanas acusadas de violação aos direitos humanos e corrupção. 

A ministra das Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, disse em sessão extraordinária do Conselho Permanente da OEA que medidas desse tipo "costumam preceder invasões militares" e podem levar a embargos financeiros, comerciais e econômicos.

Michael J. Fitzpatrick, representante dos EUA, rechaçou a acusação de conspiração e afirmou que a classificação de um país como uma ameaça à segurança nacional é um requisito da lei para a imposição de sanções. "Nós não estamos preparando uma invasão militar. Nós não procuramos desestabilizar ou derrubar o governo Maduro em um golpe de Estado. Nós não participamos de uma conspiração internacional para ferir a economia ou o povo venezuelano."

Fitzpatrick observou que a mesma linguagem foi usada em inúmeras vezes nos últimos 40 anos em situações diversas como enfraquecimento de instituições democráticas na Bielo-Rússia e Zimbábue e o tráfico de drogas na Colômbia e no México. Segundo ele, em nenhum desses casos, as medidas foram o "prelúdio de uma invasão".

O americano ressaltou que a imposição de sanções não representa uma interferência em assuntos internos da Venezuela, mas é o exercício de um poder soberano de seu país de decidir quem pode entrar em seu território e ter transações com seu sistema financeiro.

As sete pessoas atingidas pela medida estão proibidas de entrar nos EUA. Eventuais bens que tenham no país foram congelados. Fitzpatrick observou que as ações não atingem a economia ou a população da Venezuela e lembrou que os EUA são o principal parceiro comercial do país.

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A maioria dos 34 integrantes da OEA criticou a linguagem da ordem executiva e pediu sua revogação. Muitos também manifestaram preocupação pelo crescente enfrentamento entre Estados Unidos e Venezuela e defenderam o uso do diálogo para solução das divergências entre os países.

Mas alguns também criticaram a prisão arbitrária de opositores ao governo Maduro e pediram o respeitos às instituições democráticas no país. "A liberdade de expressão e de manifestação são princípios de qualquer sociedade democrática", disse a representante do Canadá, Jennifer Loten.

Quase todos defenderam que o conflito não deve afetar a realização da Cúpula das Américas, em abril no Panamá, que reunirá pela primeira vez todos os países do continente, com a participação de Cuba.

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