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Características da queda reforçam tese de atentado

Avião não emitiu nenhum alerta durante a queda e tripulação não acionou código de emergência previsto em caso de acidente

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Por Redação
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PARIS - Investigadores do desaparecimento do voo da EgyptAir analisam a hipótese de uma falha de segurança no Aeroporto Internacional de Roissy-Charles De Gaulle ter propiciado um ataque terrorista. O risco de uma bomba ter sido colocada na bagagem é considerado baixo, mas segundo os experts não se pode afastar a possibilidade.

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“A introdução de uma bomba a bordo por meio de uma pessoa em Roissy-Charles De Gaulle ou no Cairo é algo possível”, avalia Gérard Feldzer, um dos especialistas aeronáuticos mais importantes da França. “É difícil garantir 100% de segurança em um aeroporto, mesmo como o de Roissy, que é muito vigiado. Não é uma hipótese que possamos afastar.”

A preocupação com terrorismo também é forte porque, de acordo com o site especializado Flight Radar, a aeronave da EgyptAir realizou múltiplos trajetos na quarta-feira, horas antes do acidente. Além do Cairo, o avião esteve em Asmara, na Eritreia, em Túnis, na Tunísia, e em Paris.

Em tese, uma bomba pode ter sido introduzida no avião nesses aeroportos. “Os serviços de segurança estão examinando todas as condições nas quais a partida do avião foi preparada, quem são as pessoas que podem ter tido acesso à pista e ao bagageiro do avião, assim como todos os passageiros”, disse Troadec.

Uma das preocupações das autoridades do aeroporto de Paris é verificar a hipótese de que bagagens em condição de “code share” possam ter sido carregadas no voo da EgyptAir.

Desde dezembro, após os atentados de 2015, em Paris, os administradores dos aeroportos de Roissy-Charles De Gaulle e de Orly dispensaram mais de 70 funcionários, de um universo de 85 mil, por suspeitas de radicalismo islâmico.

Também no ano passado, o Estado Islâmico reivindicou a autoria de um atentado contra um avião que viajava do Egito para a Rússia. Acredita-se que o explosivo tenha sido colocado na aeronave por um funcionário do aeroporto de Sharm El-Sheikh.

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A hipótese de novo atentado terrorista na queda do Airbus da EgyptAir é uma das mais prováveis em razão, principalmente, de indícios como a falta de sinais de alertas enviados por tripulação e aeronave – o procedimento considerado padrão em perda súbita de sustentabilidade – manobras bruscas realizadas pelo aparelho.

Para Feldzer, a hipótese de um falha técnica mais importante, como uma explosão de motor, por exemplo, parece pouco provável. “Se um motor tivesse explodido, haveria tempo para passar uma mensagem de alerta, o que não foi feito”, disse o ex-piloto, que critica a falta de um mecanismo de envio permanente de informações das caixas-pretas de um avião às autoridades nacionais.

Condições favoráveis. Ex-diretor do Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil (BEA) que trabalhou na apuração das causas do acidente com o voo Air France AF-447, entre o Rio e Paris, Jean-Paul Troadec considera que o avião Airbus A320 era relativamente recente e de um modelo moderno, além de pertencer à EgyptAir, uma companhia autorizada a voar na Europa e, portanto, fora de todas as listas negras de empresas com manutenção contestável.

Troadec lembrou ainda que a queda do Airbus aconteceu durante voo de cruzeiro, em condições estáveis.

“A primeira coisa a fazer será recuperar os destroços que darão as indicações sobre o acidente. Se houve uma explosão, provavelmente haverá traços dos explosivos”, afirma o especialista.

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