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Cardeal francês presta depoimento à polícia em caso de pedofilia

Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, é suspeito de acobertar abusos de menores nas décadas de 80 e 90

Por Andrei Netto , Correspondente e PARIS
Atualização:

O cardeal francês Philippe Barbarin, arcebispo da cidade de Lyon, prestou ontem dez horas de depoimentos à polícia pela suspeita de omissão em abusos sexuais contra menores de idade. A audiência foi realizada sem prisão temporária, em regime de liberdade, mas o religioso vem sendo acusado de não ter informado às autoridades sobre denúncias de casos de pedofilia envolvendo um dos padres de sua diocese, Bernard Preynat, que teria abusado de pelo menos três vítimas. 

As denúncias de violência sexual dizem respeito principalmente ao período entre 1986 e 1991, quando Preyrat teria violentado jovens escoteiros. Apesar das suspeitas, o padre permaneceu em seu cargo, mantendo contato com as vítimas e com outras crianças e adolescentes até o fim de 2015, quando, então, foi afastado. 

Arcebispo Philippe Barbarin, de Lyon, foi defendido pelo papa Foto: REUTERS/Robert Pratta

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As principais testemunhas de acusação são três ex-escoteiros na localidade de Sainte-Foy-lès-Lyon, nas imediações de Lyon. De acordo com as investigações em curso, Barbarin, que assumiu a diocese em 2002, teria tomado conhecimento dos rumores do escândalo envolvendo o padre Preynat cinco anos mais tarde, mas teria aceitado sua confissão religiosa, seguida de um pedido de perdão. Após um período de quarentena, Preynat teria recebido a incumbência de assumir três paróquias, indicado por Barbarin.

O escândalo só se tornou público em 17 de fevereiro e ganhou corpo porque Barbarin é um dos principais líderes da Igreja Católica no mundo. O arcebispo participou dos conclaves de 2005 e 2013, que resultaram nas escolhas dos papas Bento XVI e Francisco. 

Desde a descoberta do escândalo, a controvérsia em torno do papel desempenhado pelo cardeal vem crescendo na França. Em entrevista ao jornal católico La Croix, de Paris, em maio, o papa Francisco defendeu Barbarin. “De acordo com os elementos dos quais disponho, creio que em Lyon o cardeal Barbarin tomou as medidas que se impunham.”

As investigações entraram na fase final depois que o Ministério Público de Lyon se viu pressionado a avançar pela opinião pública em um inquérito que envolve de forma direta a Igreja Católica na França, suspeita de ter acobertado os casos de violência sexual e de pedofilia e, dessa forma, ter colocado em perigo a vida das vítimas.

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