Casa Branca homenageia ex-editor do 'Post'

Morto na terça-feira, Bradlee coordenou a cobertura que derrubou o presidente Nixon

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Por WASHINGTON
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O presidente dos EUA, Barack Obama, lamentou, por meio de um comunicado divulgado pela Casa Branca, a morte do ex-editor-chefe do

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Washington Post

Ben Bradlee - que coordenou a cobertura do Caso Watergate. "Ele contava as histórias que ajudaram o país a "entender o mundo". "Para Benjamin Bradlee, jornalismo era mais do que uma profissão, era um bem público vital para nossa democracia", afirmou Obama.

O ex-editor executivo do Washington Post morreu na terça-feira de causas naturais, em sua casa, em Washington, aos 93 anos. A notícia foi divulgada pelo Post, que no mês passado relatou que o jornalista tinha começado a receber tratamento especializado depois de sofrer do mal de Alzheimer e demência havia vários anos.

Também por comunicado, o secretário de Estado John Kerry homenageou Bradlee. "Seu legado define o grande jornalismo: encontrou os fatos e os deixou que contassem a história, sem se importar aonde levaria", afirmou Kerry, que também destacou a valentia e a "grande paixão" pela política do jornalista, a quem chamou de "editor-chefe" dos EUA.

Como editor executivo do Post entre 1965 e 1991, Bradlee supervisionou a cobertura feita pelo jornal no escândalo de Watergate - que resultou na renúncia do presidente dos EUA Richard Nixon, em 1974, para evitar um impeachment.

Ele se tornou uma das figuras mais importantes em Washington, bem como parte da história do jornalismo, ao transformar o Post de um sisudo diário em uma das publicações mais dinâmicas e respeitadas nos EUA.

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O trabalho de Bradlee ao orientar os jovens repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein na investigação do arrombamento e da espionagem da sede do Partido Democrata, no complexo residencial e de escritórios de Watergate, os levou até a Casa Branca. O escândalo derrubou o presidente e, desde então, tem sido celebrado nas escolas de jornalismo e em Hollywood, além de dar ao Post um Prêmio Pulitzer.

Vietnã.

No seu período de comando do jornal, também foram publicados os Documentos do Pentágono, em 1971. Esses papéis revelaram a verdadeira situação da Guerra do Vietnã e o que pensava o Departamento de Estado sobre o conflito. Eles expuseram a convicção entre os militares de que se tratava de uma disputa perdida.

"Para isso, foi necessário valentia. A verdade foi exposta e muitas vidas foram salvas. Isso é algo pouco comum atualmente", comentou Kerry, um veterano dessa guerra.

"Há poucos jornalistas que podem afirmar que decidiram dizer não às pessoas mais poderosas do mundo. E eles fizeram o que era certo."

Durante sua época à frente do Post, Bradlee dobrou o tamanho da redação até chegar aos 600 trabalhadores e o orçamento dedicado à informação aumentou de US$ 3 milhões para US$ 60 milhões. Com ele, a tiragem passou de 446 mil exemplares para 802 mil.

/ REUTERS e EFE

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