Cenário: A geração do milênio, se for às urnas, mudará os EUA

O que torna os millennials tão distintos e com tanto potencial de transformação se resume a uma única característica: diversidade

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Por Paul Taylor e W. POST
Atualização:
Milhares de pessoas durante a Marcha pelo controle das armas em Washington, nos EUA. Os protestos começaram após ataque que resultou na morte de 17 pessoas na escola Marjory Stoneman Douglas High School em Parkland, na Flórida. Foto: Win McNamee / Getty Images / AFP

Caso o controle de armas se transforme no portal que levará a desconfiada geração dos millennials a seguir até a cabine de votação, os EUA estarão prestes a vivenciar uma reformulação. Jamais o país produziu uma geração com visões políticas e traços demográficos tão diferentes dos mais velhos. Em quase todas as questões importantes – imigração, saúde, mudança climática, igualdade de gênero, disparidade racial, identidade sexual, desigualdade econômica, uso da força militar, desaprovação presidencial – os millennials são de longe a mais liberal de nossas gerações adultas.

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Ironicamente, o controle de armas é um dos poucos problemas que nunca causou um conflito de gerações. Mas, pela força de seus números, estágio de vida e valores fundamentais, a geração dos millennials tem o potencial de levar os EUA para além do inflamado impasse que levou uma envelhecida classe política para a direita enquanto a cultura popular e comercial centrada nos jovens empurra o restante da sociedade para a esquerda. Se os millennials começarem a votar na mesma proporção que as gerações mais velhas, eles vão alinhar a política ao espírito dos tempos.

Isso não vai acontecer da noite para o dia. E isso pode até nem acontecer, pois a maioria dos millennials é alérgica à política, cética em relação à democracia e cautelosa em relação à natureza humana. Em suas jovens vidas, eles foram líderes ou soldados em muitos dos movimentos progressistas de protesto – Occupy Wall Street, Black Lives Matter, #MeToo, March for Our Lives –, mas seu ativismo até agora tem sido “mais de protestar que votar”.

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A geração do milênio amadureceu em uma época em que a tecnologia reinventa o mundo todos os dias, enquanto a política está atolada em uma confusão tóxica de impasse, reação e recriminação. Nas últimas eleições locais e para o Congresso, votaram apenas 20% dos jovens entre 18 e 29 anos, menos da metade da parcela dos mais velhos em 2014, e um terço a menos do que a parcela de seus colegas de mesma idade que votaram em 1978.

O que torna os millennials tão distintos e com tanto potencial de transformação se resume a uma única característica: diversidade. Cerca de 44% dos millennials são negros, hispânicos, asiáticos ou mestiços. Eles são o arco-íris criado por uma onda de imigração moderna que trouxe 60 milhões de novos habitantes às costas americanas desde 1965, sendo quase 9 entre 10 não brancos. Eles são a geração que transformará a “minoria majoritária” dos Estados Unidos em meados do século. / TRADUÇÃO DE CLÁUDIA BOZZO

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