Cenário: Custo das operações contra Farc tem peso

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Por Efe
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Cada ano para as finanças do Estado valores que chegam à casa de dezena de bilhões de dólares, destinados à manutenção das operações e dos quase meio milhão de soldados e policiais que compõem a Força Pública, despesa que o governo espera reduzir com o cessar-fogo bilateral e definitivo anunciado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. 

O fim das hostilidades e a deposição de armas, cujos detalhas serão conhecidos hoje em Havana, sede das negociações de paz iniciadas em 2012, devem aliviar os cofres de Bogotá, que destina 3,4% do PIB à Defesa, incluindo a polícia. No orçamento de 2016 foram destinados 30 bilhões de pesos - o equivalente a US$ 10,15 bilhões - à Defesa, aumento de 8,3% em comparação com o ano anterior.

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Defesa e Educação foram as duas únicas pastas que se livraram do corte orçamentário planejado pelo governo colombiano este ano, embora já fosse previsto que este seria o último exercício ainda de combate com as Farc, que reúnem 6 mil combatentes e milhares de pessoas em redes de apoio. De fato, tendo em mente um futuro acordo com a guerrilha, no orçamento de 2015, a verba da pasta da Educação superou a da Defesa, tendência que se manteve um ano depois.

Fontes do Ministério da Fazenda colombiano disseram à EFE que ainda não foi feito um cálculo dos gastos da Defesa destinados especificamente ao conflito com as Farc, embora a guerrilha represente o maior desafio à segurança enfrentado pelo país nos últimos 50 anos.

Durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), foram estabelecidos dois impostos para financiar o conflito armado - as cobranças foram suspensas em 2014, último ano do primeiro mandato de Juan Manuel Santos, que conduziu o processo de paz desafiando diversas correntes políticas internas do país que não enxergavam solução pacífica para o conflito de décadas.

Do mesmo modo, segundo as fontes, não se sabe quanto o Estado economizará com o fim do confronto, cálculos que devem ser feitos em breve, mas o número de efetivos das Forças Militares e da Polícia será mantido, como o Ministério da Defesa já afirmou em diversas ocasiões.

Estima-se que o fim do conflito com as Farc venha a representar um acréscimo anual de 2% no PIB colombiano - além das taxas de crescimento já registradas. À margem das contas, o conflito armado colocou em xeque algumas zonas do país que ficaram isoladas, com prejuízo para a vida de milhões de pessoas.

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A guerrilha, que há uma década chegou a 18 quilômetros de Bogotá e dominou amplas áreas em todo o país, hoje ainda concentra uma forte presença no sudoeste da Colômbia, especialmente nos departamentos de Cauca e Nariño, na região de Chocó e em algumas zonas de Meta (centro) e Antioquia (noroeste). As Farc também se encontram em zonas de confluência de vários grupos armados, como a região de Catatumbo, na fronteira com a Venezuela, a noroeste do país.

Entretanto, como resultado do avanço das negociações, as atividades das Farc diminuíram consideravelmente nessas áreas, segundo o último informe do Centro de Recursos para Análise de Conflitos (Cerac), divulgado pela presidência colombiana.

De acordo com o estudo, “os últimos 11 meses constituíram o período de menor intensidade do conflito armado colombiano em meio século, tanto em número de vítimas quanto de combatentes mortos e feridos e ações violentas”. Diante deste cenário, podemos vislumbrar como poderá ser o futuro da Colômbia, especialmente da sua zona rural. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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