Ainda na primeira luz na manhã, as sirenes soaram na Ilha de Hokkaido. Desta vez, não só lá: em outros 11 distritos o sinal de alerta disparou o rígido protocolo de “precauções extremas”. O trabalho parou, as escolas foram esvaziadas, os aeroportos fecharam, os barcos que se aproximavam dos atracadouros voltaram para o mar, o transporte coletivo deixou de funcionar, as pessoas correram para os abrigos marcados, túneis e porões principalmente.
Segundo Yoshihide Suga, chefe de gabinete do primeiro-ministro Shinzo Abe, os procedimentos foram os mesmos adotados em 29 de agosto, quando um foguete da série Hwasong cortou o espaço aéreo e caiu no mar. A defesa japonesa recebeu ordens de não interceptar os mísseis.
Há uma diferença fundamental entre os eventos, separados por apenas 15 dias: o ensaio de ontem, sem aviso, como já havia acontecido no primeiro exercício, foi realizado em seguida à declaração do governo norte-coreano de que o regime de Pyongyang vai “afundar o Japão” e “reduzir a cinzas e escuridão” os EUA. A nota, da agência oficial de notícias, dá detalhes de um ataque nuclear contra as quatro principais ilhas do arquipélago japonês e exige a dissolução do Conselho de Segurança da ONU.
Ainda é guerra de palavras. O ditador Kim Jong-un quer garantias de que o lado norte da Coreia não será um dia invadido pelas forças da rica metade sul, e, reconhecido pela economia do mundo, poderá participar dos negócios. O tempo vai ficando curto para o acordo. A escalada militar não para. O próximo míssil pode ser o portador do fogo e da fúria prometidos pelo presidente Donald Trump em resposta às ameaças de Kim.