A pesquisa norte-coreana ainda não chegou ao controle do desenho do veículo de reentrada, uma espécie de cápsula que conduz a carga nuclear durante o retorno à atmosfera
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O bem-sucedido teste do míssil intercontinental da Coreia do Norte, há três dias, deixou um rastro de temor e de incerteza. A apreensão corre pelo viés da constatação aterradora de que o veículo é capaz de cobrir perto de 7 mil km, o suficiente para atingir o Alasca e o Havaí. No ensaio, subiu até2.800 km, percorreu 933 km e caiu no mar, bem perto do Japão.
A dúvida fica na conta da consistência dessa efetividade. O sucesso é atribuído aos cientistas de Pyongyang, homenageados publicamente em um dos frequentes desfiles militares organizados pelo líder Kim Jong-un.
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Não é bem assim. Desde 2001, o governo norte-coreano vem formando uma legião estrangeira de especialistas para desenvolver seus programas de mísseis e de domínio da tecnologia nuclear.
De acordo com organizações privadas de inteligência como as americanas Rand e VCS, estariam atuando no projeto técnicos do Paquistão, Índia, Irã, China, Alemanha e provavelmente também da França e da Bélgica. Boa parte deles dissidentes em seus países, voluntários na Coreia. Outros, mercenários, dispostos a vender seus serviços.
Essa estratégia produz resultados. O sexto teste nuclear subterrâneo do país, em 2016, foi considerado um sucesso: duração, área atingida e potência surpreenderam os analistas ocidentais. Em 2011 subiram ao espaço orbital dois satélites de concepção própria destinados a fornecer subsídios aos sistemas de navegação dos mísseis; de emprego em distâncias médias e longas.
O caminho, todavia, está longe do fim. A pesquisa norte-coreana ainda não chegou ao controle do desenho do veículo de reentrada, uma espécie de cápsula que conduz a carga nuclear durante o retorno à atmosfera – um conhecimento muito sofisticado.
Também não está claro se o centro industrial de Sinpo está capacitado a produzir em série a nova arma. O Departamento de Defesa dos EUA estima que essa etapa do processo só será atingida em 2020, quando o estoque de ogivas atômicas operacionais terá de 20 a 25 unidades. É uma boa justificativa para a intervenção militar preventiva defendida pela ala dos falcões do Pentágono.
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