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Cenário: possível destruição de Seul é freio para ataque a Pyongyang

Norte tem artilharia capaz de matar centenas de milhares de pessoas na capital sul-coreana, o que poderia iniciar uma guerra mundial

Por Eli Lake e BLOOMBERG
Atualização:

Enquanto o mundo pensa no significado da ameaça do presidente Donald Trump de “fogo e fúria” sobre a Coreia do Norte, é válido indagar por que seus predecessores jamais adotaram a força. Quando Bill Clinton defrontou-se com a ameaça da saída da Coreia do Norte do Tratado de Não Proliferação Nuclear, pensou em utilizar meios militares. Mas acabou partindo para negociações, no que se tornou conhecido como o Acordo de Estratégia Conjunta. Os norte-coreanos congelaram seu programa de plutônio em troca de remessas de combustível e um reator de água leve dos EUA.

Depois, foi a vez de George W. Bush. Ele não gostava da Coreia do Norte. Incluiu o país no “eixo do mal”. Em seu governo, os EUA descobriram que Pyongyang tinha um programa secreto de enriquecimento de urânio, em violação ao espírito do acordo de Clinton. Então, em 2006, a Coreia do Norte testou seu primeiro dispositivo nuclear. Até 2007, Bush havia suspendido sanções e entrou em novas negociações. 

Relatório secreto dos EUA concluiu que regime de Kim Jong-un conseguiu miniaturizar ogiva nuclear e já possui até 60 armas nucleares Foto: AP Photo/Wong Maye-E

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Na época em que Barack Obama assumiu o poder, os norte-coreanos haviam voltado a reforçar seu programa. Eles aperfeiçoaram mísseis, afundaram um navio da Coreia do Sul e bombardearam uma ilha sul-coreana. Kim Jong-un ascendeu ao poder e continuou a consolidar sua posição. Ao mesmo tempo, Obama seguiu com sua política de “paciência estratégica”. 

Por que os três últimos presidentes americanos não eliminaram as instalações nucleares da Coreia do Norte? A resposta é Seul. O Norte tem artilharia capaz de matar centenas de milhares de pessoas na capital sul-coreana, o que poderia iniciar uma guerra mundial.

Embora existam medidas que os EUA podem adotar para atenuar o problema, tais como jogar bombas de fragmentação sobre as grandes armas, essa é uma estratégia imperfeita e de alto risco. Um ataque à Coreia do Norte seria imprevisível e poderia atingir as forças dos EUA estacionadas na Coreia do Sul há mais de 60 anos.

Tudo isso leva de volta à bravata de Trump. Os americanos deveriam estar à espera de palavras mais cuidadosas da parte do presidente. Podemos esperar mais xingamentos nos próximos dias, mostrando que a ameaça de Trump era falsa. Tão falsa quanto as promessas dos presidentes anteriores de fazer o mesmo. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

É COLUNISTA

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