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'Não metam o nariz na Venezuela', diz chanceler após países criticarem governo Maduro

Delcy Rodríguez disse que Brasil, Argentina, Colômbia e México querem intervir no país para ‘simplesmente satisfazer os interesses de Washington e os mandatos que lhes dão os EUA’

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - A ministra venezuelana das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, rejeitou no domingo 9 as críticas feitas por Brasil, Argentina, Colômbia e México ao governo do presidente Nicolás Maduro, em meio a violentas ondas de manifestações da oposição.

A pressão internacional sobre a Venezuela cresceu nos últimos dias em espaços como a Organização dos Estados Americanos (OEA), a qual se pronunciou sobre a ocorrência de uma "grave alteração" da Constituição, depois que a mais alta instância judiciária do país revogou, temporariamente, as funções do Parlamento.

"Não metam o nariz na Venezuela", disse a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez Foto: Jose Luis Magana/AP

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"Não metam o nariz na Venezuela. Rejeitamos (as críticas) porque promovem a intervenção da Venezuela para simplesmente satisfazer os interesses de Washington e os mandatos que lhes dão dos EUA", disse a ministra à imprensa estatal.

Em entrevista transmitida pela televisão, o presidente argentino, Mauricio Macri, declarou que a Venezuela "não se qualifica como democracia". Além disso, em nota, pediu a Caracas que permita ao líder opositor Henrique Capriles, politicamente inabilitado por 15 anos, ficar apto para cargos de eleição popular.

A Colômbia também considerou que a sanção a este líder opositor "aumenta a polarização" no país. "Rejeitamos e protestamos energicamente contra a posição transmitida pela Chancelaria da Colômbia e lhe dizemos: vejam sua própria realidade, onde há violação em massa dos direitos humanos, onde matam líderes camponeses", apontou Delcy, após se reunir com lideranças sindicais uruguaias.

A chanceler venezuelana também criticou os governos de Brasil e México, considerados os principais promotores do debate sobre a Venezuela em fóruns internacionais como a OEA e o Mercosul.

"Ao México, nós lhe dizemos: vejam sua própria realidade, no lugar de estar, de forma imoral, metendo-se nos assuntos internos da Venezuela", afirmou. "Como o Brasil, um governo que, de fato, deu um golpe de Estado contra uma presidenta eleita por mais de 54 milhões de brasileiros pretende dar lições de democracia?", questionou ela, referindo-se ao governo do presidente Michel Temer.

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O México reagiu às afirmações, manifestando sua rejeição à violência nos protestos. "O governo do México expressa sua rejeição aos episódios de violência registrados nos últimos dias na República Bolivariana de Venezuela, que, entre outros, causaram danos a instalações públicas e escritórios do governador Henrique Capriles", de acordo com a nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.

No comunicado, a chancelaria mexicana também pediu ao governo e à oposição "que se abstenham de recorrer à violência ou à provocação, e resolvam suas diferenças por meios pacíficos". O governo apontou ainda a necessidade de "um acordo político nacional que permita aos venezuelanos recuperar a normalidade democrática no país".

Eleições. Nicolás Maduro, declarou no domingo que espera "ansioso" pela convocação das eleições municipais e estaduais, uma das principais exigências da oposição nas ruas. "Estou ansioso para que se convoquem as eleições de governadores e prefeitos para dar uma surra nessa gente logo, que deixem a arruaça e a violência, para lhes responder com votos", disse o chavista em seu programa dominical.

As eleições de governadores deveriam ter acontecido em dezembro de 2016, mas foram suspensas pelo poder eleitoral. Ainda não há uma data para sua realização. As municipais estão previstas para este ano, e as presidenciais, para dezembro de 2018.

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"Por bem, ou por mal, um governo da direita (modo como Maduro se refere à oposição) não duraria uma semana na Venezuela", advertiu o presidente. "Um governo da direita na Venezuela que tome o poder pela força seria derrotado com o poder da força cívico-militar do povo em horas, e radicalizaríamos essa revolução bolivariana ao nível mais profundo que a História já conheceu na América", insistiu.

"E, mesmo um governo que vencesse por eleições manipuladas, como foram as de 2015 (quando a oposição assumiu o Parlamento com ampla maioria), quando vier impor seu pacote econômico, esse povo se rebelaria, porque o povo venezuelano está em paz, porque nós o temos em paz", continuou. / AFP

Veja abaixo: Confronto deixa feridos na Venezuela

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