PUBLICIDADE

Charlie Hebdo volta a sofrer ameaça de morte por capa do islã

Revista de charges fez capa satírica envolvendo o filósofo Tariq Ramadan, professor de estudos islâmicos, acusado de abusar e estuprar ao menos três mulheres na França

Atualização:

Os profissionais da revista satírica francesa Charlie Hebdo, alvo de um atentado jihadista com 12 mortos, em janeiro de 2015, receberam novas ameaças de morte depois de mais uma capa polêmica. Na quarta-feira, dia 1º, eles estamparam na revista uma charge do filósofo Tariq Ramadan, com um pênis gigante em ereção, por baixo da calça social e do paletó cinza. "Sou o sexto pilar do islã", diz Ramadan na charge.

PUBLICIDADE

Teólogo Tariq Ramadan é denunciado por estupro na França

Ramadan é investigado pela Justiça da França depois que duas mulheres apresentaram denúncias por estupro. Neto do fundador da organização islâmica egípcia Irmandade Muçulmana, Ramadan é professor de estudos islâmicos contemporâneos na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Intelectual muito popular entre liberais e nos setores muçulmanos, Ramadan também costuma ser criticado, especialmente nos meios laicos, que o veem como impulsor do islã político.

Tariq Ramadan, cidadão suíço de origem egípcioé professor da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foto: Mike Segar/Reuters

Depois da publicação da revista, centenas de pessoas nas redes sociais criticaram o semanário francês pela publicação, o acusando de islamofobia e de perseguição ao islã. Alguns dos usuários chegaram a ameaçar de morte os jornalistas e chargistas do Charlie.

A primeira denúncia contra Ramadan foi apresentada em 20 de outubro, Henda Ayari, ex-salafista que se tornou militante feminista e laica, denunciou Ramadan por estupro e agressões sexuais na justiça de Rouen (na região noroeste da França). Ayari, de 40 anos, presidente da associação Libertadoras, indicou na sua página do Facebook que foi "vítima de uma coisa muito grave há anos", mas que não tinha ousado revelar o nome do agressor por "ameaças de sua parte".

Em seu livro "Escolhi ser livre", publicado em novembro de 2016 pela editora francesa Flammarion, a autora se refere a este homem com o nome de Zoubeyr e narra um encontro em seu quarto do hotel em Paris onde o intelectual muçulmano tinha acabado de dar uma palestra.

"Por pudor, não darei aqui detalhes sobre o que ele me fez. Basta saber que ele se aproveitou amplamente da minha fragilidade", escreveu Henda Ayari, que assegura que quando se "rebelou", e lhe "gritou que parasse", ele a "insultou", a "esbofetou" e "estuprou". "Confirmo que o famoso Zoubeyr é Tariq Ramadan", escreveu Henda Ayari no Facebook, há duas semanas. Depois dela, mas duas mulheres denunciaram Ramadan. / AP e AFP

Publicidade

+ Relembre o ataque de 2015 ao Charlie Hebdô