CARACAS - O governo venezuelano denunciou na noite de segunda-feira, 30, que 10 mil das cerca de 1,85 milhão de assinaturas que a oposição entregou para ativar um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro correspondem a pessoas mortas e convocou protestos contra a Organização dos Estados Americanos (OEA).
"Afirmo, com toda a responsabilidade, que neste momento detectamos 10 mil pessoas falecidas assinando", disse Jorge Rodríguez, chefe de uma comissão designada por Maduro para monitorar o processo de referendo conduzido pela oposição. No domingo, Rodríguez informou que mais de 40% das assinaturas seriam "fraudulentas".
Em 2 de maio, a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) entregou 1,85 milhão de assinaturas ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), nove vezes mais do que as requeridas para solicitar a ativação do referendo.
Após lamentar o apoio da OEA ao referendo revogatório, Rodríguez convocou os simpatizantes do chavismo a "tomar ruas contra a ingerência grosseira e brutal" do organismo, em Caracas, na quarta-feira, 1º, e em todo o país, no sábado, 4.
O CNE antecipou que a revisão das assinaturas termina na quinta-feira, 2. Se forem certificadas, as máquinas biométricas serão utilizadas para a validação.
Em sua conta no Twitter, o líder opositor Henrique Capriles disse que, se as autoridades eleitorais não anunciarem logo as datas e os locais para esse procedimento, os opositores se mobilizarão, recorrendo a todas as sedes do organismo eleitoral.
Caso o processo de referendo seja instalado, a oposição terá de coletar assinaturas equivalentes a 20% do registro eleitoral (3.959.560). Essas assinaturas deverão ser recolhidas em um período de três dias junto com suas respectivas impressões digitais.
Cumprido o requisito, o CNE fixará uma data para o referendo revogatório, no qual a oposição precisará superar os 7,5 milhões de votos obtidos por Maduro em 2013, quando foi eleito para um mandato de seis anos (de 2013 e 2019) para tirá-lo do cargo. / AFP