Chega a 646 número de mortos em tremor no Equador

Ainda há 113 desaparecidos e mais de 26 mil pessoas ficaram desabrigadas após terremoto de 7,8 graus

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Por MAURÍCIO DE AZEVEDO FERRO
Atualização:

Uma semana após o terremoto de 7,8 graus que abalou o Equador, a situação ainda é caótica. O tremor deixou, segundo dados divulgados neste sábado, 23, 646 mortos e 12.492 feridos. Ainda há 113 desaparecidos e mais de 26 mil pessoas ficaram desabrigadas. 

“Essa vai virar uma cidade fantasma. Só tem mortos; o cheiro é putrefato”, diz María José. “Muitos voluntários vieram e não aguentaram o choque de ver corpos pela metade e construções desabadas. Eu, por exemplo, há quatro dias durmo pouco e como apenas atum enlatado”, comentou na quarta-feira. “Somente às 16 horas fiz a primeira refeição do dia. E, pela primeira vez desde que estou aqui, comi carne numa quentinha que trouxeram.”

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O pai de Majo, como é conhecida, foi um dos muitos afetados pelo terremoto. Perdeu a casa em que morava havia 15 anos.  Desde sábado, novos tremores foram detectados e o número de feridos continua aumentando. “Tem muita gente que não quer abandonar certos locais para resgatar pertences que restaram. Então, caem escombros nelas”, explica. Os problemas respiratórios também começam a aparecer, em decorrência do pó que sobe das máquinas que levantam os destroços. “O que ainda não foi derrubado, será. Não tem mais nada que preste. O que ficou em pé vão ter de derrubar. Não tem como morar aqui em Pedernales”, disse, acrescentando que muitas pessoas tiram proveito da situação. “Tem gente que pegou 20 colchões para uma casa de 5 pessoas. Não há necessidade de se fazer isso.”

Já a mobilização popular e o volume de doações (nacionais e internacionais) são um ponto forte. !Só faltam alguns remédios específicos, mas são muito poucos”, relata. “Há muitos voluntários. Centenas deles. Tanto do exterior, quanto daqui. É emocionante ver o povo ajudando. Estou muito cansada, mas é gratificante.”

“Tem muitos casos legais. Tem crianças que saíram do meio do nada e são sobreviventes... Cada coisa emociona mais do que a outra”, diz Majo, que amanhã volta para seu trabalho em Quito.

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