Cinco fatos que marcaram a campanha eleitoral russa

Vladimir Putin evitou fazer uma campanha direta, negando-se a participar de debates na televisão e abrindo mão de comícios; relembre outros momentos

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Por Redação
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MOSCOU - Os russos vão às urnas no dia 18 de março eleger seu próximo presidente, após uma campanha sem suspense e sem sobressaltos. Confira abaixo alguns momentos da corrida eleitoral deste ano.

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Nas eleições russas, sete candidatos contra Putin e uma grande ausência

O discurso anual de Vladimir Putin no Parlamento foi transformado em evento pré-eleitoral. Grande parte de sua intervenção se concentrou nas novas armas russas Foto: AFP PHOTO / Yuri KADOBNOV

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Três minutos de campanha

No poder há 18 anos, Vladimir Putin evitou uma campanha direta, negando-se a participar de debates na televisão e abrindo mão de comícios. Sua equipe de campanha preparou um grande ato com a presença do presidente no dia 3 de março, no estádio de Luzhniki. Atletas olímpicos e cantores conhecidos no cenário musical local se revezaram no palco para manifestar seu apoio a Putin diante de cerca de 80 mil pessoas.

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Ele saudou seus simpatizantes reunidos sob -15ºC. Durante apenas três minutos, prometeu "vitórias brilhantes" para a Rússia e entoou o hino nacional junto a multidão. A ausência nas ruas foi compensada pela onipresença na rede pública de televisão, com a emissora cobrindo os deslocamentos do chefe de Estado.

Mísseis

O discurso anual ao Parlamento foi transformado em evento pré-eleitoral. Grande parte de sua intervenção se concentrou nas novas armas russas, em particular, os mísseis "invencíveis" para os escudos antimísseis dos EUA.

Putin apresentou um novo sistema de defesa antimísseis, um drone submarino de propulsão nuclear e uma arma a laser, sobre a qual não deu detalhes, alegando ser "muito cedo". Ele também advertiu os países ocidentais de que terão de "ouvir" a Rússia.

Confusão

Na ausência de Putin, os russos se desinteressaram pelos debates, com exceção de uma discussão acalorada entre dois candidatos. O ultranacionalista Vladimir Zhirinovski, de 71 anos, chamou de "cretina" a candidata liberal Xenia Sobchak, de 36 anos, que lhe jogou um copo de água no rosto.

O candidato do partido de extrema direita LDPR se enfureceu e lançou uma sequência de insultos contra a ex-apresentadora de um reality show, chegando a chamá-la de "prostituta". Alguns dias depois, Xenia contou que um homem a empurrou, em Moscou, além de lhe ter jogado água, enquanto gritava "É por Zhirinovski!".

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Comunistas

O partido comunista surpreendeu, designando como candidato o empresário milionário Pavel Grudinin, em vez de Guenadi Ziuganov. O interesse provocado por sua indicação e seu avanço nas pesquisas lhe valeram muitos artigos hostis na imprensa pró-Kremlin, que multiplicou as revelações sobre as contas bancárias no exterior do presidente da Sovkhoze Lenin, uma empresa produtora de frutas e laticínios na periferia de Moscou.

No início de março, a comissão eleitoral anunciou ter descoberto, no dia 31 de dezembro de 2017, que Grudinin tinha 13 contas bancárias na Suíça com quase € 1 milhão, além de ouro. O Partido Comunista e seu candidato denunciaram, em diferentes oportunidades, uma "campanha de difamação" lançada pelo Kremlin. Segundo alguns analistas, isso se deve ao temor do governo de que Grudinin - que teria pelo menos 7% dos votos nas pesquisas - possa obter um bom resultado na eleição presidencial.

Boicote

O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalni, foi inabilitado em razão de uma condenação judicial. Ele pede um boicote às eleições e a presença de observadores internacionais para detectar possíveis fraudes nos colégios eleitorais. A estratégia explica o interesse do Kremlin em uma alta participação nas urnas.

A equipe de Navalni, que em 2017 mobilizou milhares de jovens nas ruas, sofreu revistas em suas sedes e alguns de seus membros passaram parte da campanha eleitoral presos. / AFP

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