Colômbia liberta 16 guerrilheiros das Farc que foram anistiados

Governo de Juan Manuel Santos havia concedido a anistia a 30 presos em gesto de confiança aos diálogos de paz; relatório mostra que conflito no país está 'totalmente interrompido' 

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Por Redação
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BOGOTÁ - O governo da Colômbia confirmou nesta quinta-feira, 21, por meio do escritório do Alto Comissariado para a Paz, que já foram postos em liberdade 16 dos 30 guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) indultados em 22 de novembro, como um gesto unilateral de confiança nos diálogos de paz.

Dos libertados, nove saíram da prisão La Picota e sete mulheres da prisão El Buen Pastor de Bogotá, acrescentou o comunicado. "Este é um primeiro gesto unilateral do governo depois de avaliar o cumprimento da cessação unilateral pelas Farc, a consequente diminuição da violência e os avanços do processo", afirmou o escritório do Alto Comissariado Para a Paz.As Farc iniciaram um cessar-fogo unilateral e indefinido em 20 de julho que reduziu o nível de intensidade do conflito armado a mínimos históricos.

O chefe negociador das Farc, Ivan Márquez (E), e sua equipe chegam em Havana para retomar diálogos de paz Foto: EFE/Alejandro Ernesto

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Estas 16 pessoas, que foram condenadas por rebelião, receberam um indulto que consiste "no perdão das penas judicialmente impostas". O escritório do Alto Comissariado para a Paz afirmou que o indulto não se baseou em seu estado de saúde, mas "na natureza do crime pelo qual estavam na prisão".

Além disso, foram tomadas "as medidas necessárias para prestar os serviços de saúde a aos que precisem", disse o Alto Comissariado. "Estas pessoas terão que se comprometer a não retornar às fileiras das Farc e, nessa medida, a contribuir à construção da paz."

O governo colombiano autorizou que quatro dos indultados viajem para Cuba: Elky Javier Caballero Rodríguez, Carlos Antonio Ochoa Orjuela, Sandra Patricia Isaza Rincón e Gloria Álvarez Mestiço. Eles participarão como "cidadãos autorizados formalmente pelo governo nacional para receber informação do conteúdo dos acordos alcançados como preparação para seu trabalho de pedagogia e divulgação dos acordos, em sua condição de construtores e promotores de paz".

Os outros indultados retornarão a suas cidades e às suas famílias com o apoio da Agência Colombiana para a Reintegração (ACR).

A libertação dos guerrilheiros tinha se tornado um elemento de tensão na mesa de diálogos de Havana em um momento muito próximo da assinatura do acordo de paz, programado para março.

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Pelo Twitter, as Farc chegaram a manifestar sua insatisfação pela demora na libertação dos guerrilheiros. No entanto, o chefe negociador do governo colombiano em Cuba, Humberto de la Calle, negou qualquer "má vontade" e explicou que o procedimento deveria obedecer os trâmites legais.

Relatório. Sem o registro de ações violentas entre as Farc e agentes de segurança nos últimos 55 dias, o Centro de Recursos para a Análise de Conflitos (Cerac) afirmou na quarta-feira, em um relatório, que o conflito armado no país foi "totalmente interrompido".

"Esse é o maior número consecutivo de dias sem ações violentas da guerrilha desde que o grupo armado iniciou no dia 20 de julho seu cessar-fogo unilateral. São os menores níveis de violência praticados pelas Farc em 40 anos", disseram os analistas do Cerac no documento, que também foi destacado pela presidência da Colômbia.

Além disso, os últimos seis meses - entre 20 de julho de 2015 e 20 de janeiro de 2016 - foram o de "menor intensidade do conflito em seus 51 anos de história, tanto em número de vítimas, combatentes mortos, feridos e ações do conflito".

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Paz. O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou que ambas as partes deram o "passo mais concreto" em direção à paz ao concordarem na terça-feira 19 com um mecanismo de verificação de um cessar-fogo bilateral, composto por observadores escolhidos pelo governo, pela guerrilha e por uma missão internacional da ONU.

O pedido formal foi enviado na quarta por Santos e a ONU afirmou nesta quinta-feira, 21, que está disposta a apoiar o acordo.

Os negociadores do governo colombiano mantêm o dia 23 de março como a data para assinatura final do acordo de paz após mais de três anos de diálogo. Para encerrar o conflito armado, as partes devem concordar com o último ponto da agenda de negociações, que inclui o desarmamento e a desmobilização de guerrilheiros, além do cessar-fogo bilateral e definitivo. /EFE

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