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Colt suspende produção de fuzis AR-15 para civis nos EUA

Fabricante citou condições do mercado, como o excesso de oferta de armamentos deste tipo, para justificar a decisão e ressaltou seu apoio à Segunda Emenda à Constituição, que garante o direito à posse e ao porte de armas

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Por Redação
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WASHINGTON - A fabricante americana de armas Colt anunciou a suspensão da produção de fuzis esportivos, incluindo os AR-15, para o mercado civil. A empresa garantiu, no entanto, que a medida não afetará os contratos para o fornecimento de armamento para o governo.

Em uma nota publicada em seu site, a Colt enfatizou que a companhia continua "comprometida com a Segunda Emenda (à Constituição americana)", mas citou condições do mercado para justificar a decisão. "A Colt é uma forte defensora da Segunda Emenda há mais de 180 anos, continua assim e continuará a fornecer a seus clientes as armas de melhor qualidade do mundo", diz o texto.

Vendedora de loja de armamentos de Springville, Utah, mostra a versão para civis do fuzil semi automático AR-15 Foto: George Frey/Getty Images/AFP

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"Nos últimos anos, o mercado para fuzis esportivos modernos apresentou excessos significantes em sua capacidade produtiva", disse Dennis Veilleux, presidente e CEO da Colt, na nota. "Considerando esse nível de capacidade produtiva, acreditamos que já há suprimento adequado de fuzis esportivos modernos para o futuro próximo."

É improvável que a decisão de Colt torne mais difícil a compra de armas semiautomáticas nos Estados Unidos, disse Timothy Lytton, especialista sobre a indústria de armas da Georgia State University.

"Se houver demanda no mercado, tenho certeza de que existem outras empresas com capacidade para supri-la", completou.

O anúncio acontece depois de recentes ataques a tiros em Virginia Beach, Virginia; El Paso, Texas; Dayton, Ohio; e Odessa, Texas, e com candidatos democratas à presidência aumentando a retórica sobre o controle de armas.

No debate presidencial democrata de 12 de setembro, o ex-congressista do Texas Beto O'Rourke disse que está comprometido com a recompra obrigatória de fuzis de assalto.

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"Quando vemos isso sendo usado contra crianças, claro que pensamos, sim, em retirar (das mãos dos consumidores) os AR-15 e AK-47", disse O'Rourke.

Funcionária da Colt monta fuzil militar na fábrica da empresa, em Hartford, Connecticut Foto: Todd Heisler/The New York Times

O AR-15, uma arma de estilo militar, foi usado em vários ataques a tiros nos EUA nos últimos anos, incluindo Newtown, Connecticut; Orlando Flórida; e Parkland, Flórida.

Grandes varejistas e outras empresas ligadas à indústria de armas enfrentaram crescente pressão do público para tomar medidas para conter a violência em resposta a esses ataques. Após um massacre em agosto em uma de suas lojas em El Paso, o Walmart disse que deixaria de vender munição que poderia ser usada em fuzis de assalto de estilo militar - a empresa já havia deixado de vender o AR-15 em 2015.

No comunicado, Veilleux enfatizou que a Colt, cujos produtos estão disponíveis em mais de 4.000 revendedores em todo os EUA, continuaria a fabricar armas de mão para o mercado consumidor.

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O efeito financeiro da decisão ainda não está claro. A Colt, uma empresa privada, não divulga dados das vendas de seus fuzis esportivos em seu site.

Apesar de a empresa apresentar uma justificativa financeira par a decisão, Lytton diz que a pressão pública pode ter influenciado a empresa. Ele lembra que a sede da Colt fica em Hartford, Connecticut, não muito longe do local do tiroteio em massa escola primária Sandy Hook, em 2012.

"Os ataques a tiro em massa provavelmente deixaram a empresa um pouco mais sensível em relação à sua marca", disse Lytton. "Eles podem estar sentindo um tipo de pressão calor que fabricantes de outras partes do país não estão."

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Empresa anunciou que focará toda sua linha de produção para atender os contratos de fornecimento de armamento para o governo Foto: Todd Heisler/The New York Times

A notícia de que a Colt deixaria de produzir fuzis para os consumidores foi divulgada na semana passada em um blog do setor, The Truth About Guns, que citou um e-mail que o RSR Group, um distribuidor de armas de fogo, enviou a varejistas dizendo que a Colt havia informado sobre a mudança em sua política. Uma porta-voz do grupo RSR se recusou a comentar.

Também na semana passada, um executivo de marketing da Colt disse à publicação Shooting Illustrated, da Associação Nacional de Rifle (NRA, em inglês), que a empresa havia visto "um declínio bastante acentuado nas vendas de fuzis". "Ouvimos nossos clientes", disse o executivo da Colt, Paul Spitale, à publicação.

A Colt é o fabricante mais associado ao AR-15, uma arma semiautomática leve. A Armalite Rifle-15 Sporter (AR-15) da empresa chegou ao mercado no início dos anos 60 como a primeira versão civil do fuzil militar M16.

Ao longo dos anos, no entanto, o AR-15 tornou-se uma nomenclatura para uma variedade de armas com aparência e operação semelhantes, incluindo o Remington Bushmaster, o Smith & Wesson M&P15 e o Springfield Armory Saint. / THE NEW YORK TIMES e WASHINGTON POST

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