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Com diferenças ainda mais evidentes, republicanos agem para barrar Trump

Sem apresentar provas, Mitt Romney acusa o líder da disputa da oposição de ‘mentir’ sobre suas finanças pessoais

Atualização:

WASHINGTON - Com a proximidade da Superterça e a preferência se fechando em torno do nome de Donald Trump, líderes republicanos começam a agir em uma campanha para tentar conter o crescimento do polêmico empresário. O candidato do partido nas eleições presidenciais de 2012, Mitt Romney, afirmou, sem apresentar provas, que o magnata e favorito nas pesquisas “mentiu” sobre suas finanças pessoais.

“Temos boas razões para crer que há uma bomba na declaração de impostos de Donald Trump”, disse em entrevista ao canal Fox News o ex-candidato que perdeu as eleições de 2012 para Barack Obama por uma diferença de 5 milhões de votos.

Partido tenta evitar que Trump, o favorito, consiga indicação para disputar Casa Branca Foto: Ruth Fremson/The New York Times

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Após sua ampla vitória de terça-feira no caucus de Nevada, Trump lidera a corrida republicana para a indicação com três vitórias nos quatro primeiros Estados a votar no processo de prévias – e as pesquisas são favoráveis ao magnata em mais de dez Estados que participarão da Superterça.

Trump respondeu às palavras de Romney pelo Twitter e disse que o ex-candidato “arruinou” uma eleição que “deveria ter vencido” e o acusou de “tentar parecer durão agora”.

Enquanto isso, os outros dois pré-candidatos à frente da corrida, Ted Cruz e Marco Rubio, tentam provar ao eleitor que são a melhor opção. Em um programa na Fox News, Cruz disse ser o mais preparado para enfrentar a provável candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, nas eleições gerais. Ao mesmo canal, Rubio disse que é o melhor para enfrentar Trump. Até então com pouca disposição para enfrentar o magnata em atos nacionais, os dois se preparavam ontem para centrar fogo no favorito durante o último debate na TV antes da Superterça. 

Incoerência. Uma reportagem do jornal The New York Times desta quinta-feira mostrou que existe uma grande distância entre o que o partido assume como programa político conservador a ser adotado por seu indicado e o que pensa o favorito da legenda.

Segundo o jornal, o presidente da Câmara dos Deputados Paul Ryan, que também é presidente da Convenção Nacional Republicana e o republicano eleito com o maior número de votos nos EUA, elabora esse programa, mas se Trump for escolhido, seu trabalho poderá ser “mera perda de tempo”.

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Trump costuma opor-se ao posicionamento da legenda em quase todas as questões importantes. Ele vai contra a ortodoxia republicana e as diretrizes políticas do partido – as ideias que o próprio Ryan se esforçou para formular, aperfeiçoar ou promover na última década. 

Se o empresário bilionário de Nova York conseguir a indicação ele se tornará o líder do Partido Republicano e parlamentares como Ryan terão de se alinhar para buscar equilíbrio – algo que muitos membros do partido consideram impossível. 

“Vocês estão esbarrando num problema muito grande, o fato de Trump não ser um republicano”, disse o senador Lindsey Graham, que abandonou a disputa pela Casa Branca em dezembro. “Não imagino como conseguiremos conciliar um programa de Trump com um programa republicano.” 

As posições de Ryan representam o moderno Partido Republicano institucional. Ele foi um dos maiores promotores, no Capitólio, do livre comércio, ao qual Trump se opõe. Ryan defende que é preciso tirar parte da verba do programa Planned Parenthood (Planejamento Familiar) – há anos, um dos alvos básicos dos republicanos – enquanto Trump afirma que o programa oferece a assistência necessária às mulheres. 

Com relação ao direito do Estado de se apropriar de bens privados considerados de utilidade pública, o conceito é desprezado pelos republicanos. Trump, que o usou para tentar demolir a casa de uma senhora em Atlantic City para construir um estacionamento, o considera “fabuloso”. 

E, finalmente, Trump disse na semana passada que se manteria “neutro” no conflito palestino-israelense, ao passo que Ryan defende a posição tradicional republicana de um forte apoio a Israel. / EFE, AP e NYT

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