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Com petróleo em baixa, Maduro altera câmbio

Presidente venezuelano desvaloriza o bolívar buscando conter a perda de receita e o aprofundamento da crise política com a queda da commodity

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Por Luiz Raatz
Atualização:

O novo sistema cambial anunciado pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, tem como objetivo amenizar o déficit fiscal do país. Com as mudanças, a Venezuela continua com três faixas de câmbio. O peso da mais valorizada delas em relação ao dólar, no entanto, caiu. Com isso, o volume de dólares vendidos a um preço maior deve aumentar, o que reforçará o caixa do governo, em meio a um cenário de alto gasto público com diminuição na obtenção de receitas em razão da queda no preço do petróleo. "Com os mesmos dólares que entram pela PDVSA com a venda do petróleo, haverá mais bolívares", disse ao Estado o economista Boris Ackerman, da Universidade Católica Andrés Bello. "Antes, entravam 6,30 bolívares por dólar vendido. Com o novo sistema, pode entrar uma média entre 30 e 40." Os recursos do governo chavista têm diminuído drasticamente em razão da queda da commodity no mercado internacional. O barril de petróleo venezuelano, que há um ano era cotado a US$ 100, hoje é vendido a cerca de US$ 40. O déficit fiscal do país equivale hoje a 19% do PIB. Em 2012, a Venezuela conseguiu US$ 93 bilhões com a venda de petróleo. No ano seguinte, acumulou US$ 81 bilhões. Estima-se que 2014 tenha terminado com vendas de US$ 71 bilhões, uma queda de quase 20% em dois anos. Para 2015, a perspectiva é sombria. O país tem US$ 20 bilhões em reservas, mas analistas estimam que o impacto da queda do preço do petróleo nas exportações será de US$ 35 bi - a metade do que foi exportado no ano passado. Analistas privados temem que essa receita não seja suficiente para honrar os compromissos da PDVSA - a estatal do petróleo - e do governo. "As medidas de Maduro são parciais e não vão resolver o problema estrutural. O governo gasta demais e tem cada vez menos dinheiro em caixa", acrescentou Ackerman. "Além disso, essa desvalorização disfarçada deve contribuir para o aumento da inflação, principalmente de produtos que não serão importados na taxa de 6,30, como produtos de higiene, insumos industriais e outros bens de consumo."

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