Comando da Celac a partir de 2017 opõe Bolívia e Chile

Governo chileno não aceita candidatura boliviana para suceder a República Dominicana na direção da cúpula em razão da disputa entre os países sobre a saída para o mar reivindicada por La Paz

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Foto do author Vera Rosa
Por Vera Rosa e Quito
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QUITO - Uma disputa de bastidores marca a negociação para a presidência da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), a partir de 2017. A Bolívia é candidata a suceder a República Dominicana, que nesta quarta-feira assume o comando da Celac, hoje com o Equador. O problema é que o Chile não aceita que a Bolívia presida o bloco porque avalia que, nessa condição, a La Paz usaria a Celac para avançar na sua antiga demanda de recuperar o acesso ao Oceano Pacífico.

Na tentativa de impedir a Bolívia de ocupar a presidência da Celac, o Chile estimula uma candidatura de Honduras para dirigir o bloco em 2017.

O chile, de Michelle Bachelet (C), não aceita que a Bolícia possa presidir aCelac em razão da disputa entre os dois países sobre acesso ao Oceano Pacífico Foto: AFP PHOTO / RODRIGO BUENDIA

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Em setembro do ano passado, a Bolívia conseguiu uma vitória na disputa com o Chile na questão da saída para o mar, quando uma decisão da Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda, abriu caminho para o julgamento da causa. Na ocasião, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que a Bolívia não ganhou nada, porque o mérito da questão ainda não foi julgado. "Não tocaram na nossa integridade territorial", afirmou Bachelet à época. 

A Bolívia perdeu o acesso ao mar para o Chile em um tratado de 1904, assinado depois da Guerra do Pacífico. O impasse entre os dois países sobre a liderança da Celac é mais um dos capítulos das divergências na cúpula, que até agora não chegou a um consenso sobre a defesa da Agenda 2020 - com metas claras sobre redução de pobreza, desigualdade e mudanças climáticas - como bandeira do grupo. 

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