Comboio da Cruz Vermelha é impedido de entrar em reduto rebelde na Síria

Organização tenta levar suprimentos para bairro de Baba Amr, em Homs

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Por BBC Brasil
Atualização:

HOMS - Um comboio da Cruz Vermelha chegou nesta sexta-feira, 2, à cidade sitiada de Homs, na Síria, mas teve o acesso negado ao bairro de Baba Amr, um importante reduto rebelde.

 

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"É inaceitável que pessoas que precisam de assistência de emergência nas últimas semanas ainda não tenham recebido nenhuma ajuda", afirmou o presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Jakob Kellenberger, por meio de um comunicado. Kellenberger disse ainda que o comboio de sete caminhões e ambulâncias do Crescente Vermelho sírio vai passar a noite em Homs para tentar entrar em Baba Amr "em um futuro muito próximo". Na declaração, ele acrescenta que as autoridades sírias tinham dado permissão para a entrada do comboio no bairro, e que o problema agora não é apenas um detalhe técnico, mas algo muito mais grave. O incidente levou a acusações da oposição síria de que as forças do governo estão tentando desaparecer com as provas de execuções sumárias que teriam ocorrido em Baba Amr. Corpos de jornalistas A Cruz Vermelha também disse à BBC ter recebido os corpos dos dois jornalistas ocidentais mortos em um ataque a Homs na última semana. Segundo a entidade, os corpos da repórter americana Marie Colvin e do fotógrafo francês Remi Ochlik estão sendo levados de ambulância para Damasco. Dois outros jornalistas franceses - Edith Bouvier e William Daniels - chegaram a Paris e foram recebidos pelo presidente Nicolas Sarkozy, depois de ser retirados do território sírio por ativistas de oposição. Os jornalistas foram feridos em um bombardeio a Baba Amr, no último dia 22. Controle total O bairro de Baba Amr tem sofrido fortes bombardeios há cerca de um mês. Forças sírias dizem que agora têm controle total da localidade. O correspondente da BBC no Líbano, Jim Muir, afirma que ninguém sabe exatamente quantos civis estão presos em Baba Amr nas últimas semanas de cerco e bombardeio. A primeira tarefa da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho seria descobrir quantos civis ainda estão no bairro e avaliar as suas necessidades. Das cerca de 100 mil pessoas que normalmente vivem em Baba Amr, apenas alguns milhares ainda permanecem no local. Na quinta-feira, o Exército Livre da Síria (ELS) disse estar saindo de Baba Amr para poupar as vidas dos civis que se recusaram a deixar suas casas. As condições no bairro parecem estar muito difíceis, já que uma onda de frio intenso e neve atinge a região. A eletricidade foi cortada e não há combustível ou aquecimento. Alimentos, água e remédios também estão se esgotando. Viagem lenta A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho da Síria organizaram o comboio com sete caminhões levando suprimentos. Khaled Erksoussi, chefe de operações do Crescente Vermelho sírio, disse à agência de notícias AFP que o comboio está levando "alimentos, remédios, cobertores, leite para bebês e outros equipamentos". Devido à neve pesada, a viagem do comboio vindo da capital, Damasco, foi lenta. Sean Maguire, porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, disse à BBC que esperava distribuir os suprimentos em Baba Amr. "Nossos colegas do Crescente Vermelho sírio estavam distribuindo alimentos e prestando assistência em outras áreas de Homs, diariamente, esperamos conseguir fazer o mesmo em Baba Amr", afirmou Maguire, antes que o comboio tivesse o acesso ao bairro negado. ONU O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, reunido em Genebra (Suíça), aprovou nessa quinta-feira uma resolução condenando o governo sírio pelo que chamou de "amplas e sistemáticas violações de direitos humanos". A resolução pediu que agências de ajuda tenham acesso aos necessitados. O documento teve apoio de 37 países. Três votaram contra: Rússia, China e Cuba. O Brasil não tem direito a voto. Analistas dizem que a resolução tem como objetivo pressionar a Síria antes da visita do enviado especial da ONU Kofi Annan para Damasco.

 

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