WASHINGTON - Depois de utilizar uma linguagem grosseira para se referir a imigrantes haitianos e de países africanos, o presidente Donald Trump foi criticado não apenas pela oposição democrata e grupos de haitianos, mas também por representantes do próprio partido.
Em um encontro com congressistas nesta quinta-feira, 11, para discutir sobre a garantia de entrada nos EUA de imigrantes do Haiti, de El Salvador e de países africanos como parte de um acordo migratório, o presidente manifestou sua frustração de forma agressiva. "Por que estamos recebendo todas essas pessoas de países de m...", disse.
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Em um comunicado divulgado no Twitter, a republicana Mia Love, de Utah, filha de imigrantes haitianos, disse que os comentários de Trump foram "insensíveis, divisores, elitistas e vão contra os valores da nossa nação".
"Esse comportamento é inaceitável vindo do líder da nossa nação", acrescentou a congressista e disse que o presidente deve desculpar-se com os americanos "e com os países que tão maliciosamente denegriu".
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A democrata Kathleen Rice, de Nova York, classificou de "racista" a fala de Trump. O líder americano já disse que ele é "a pessoa menos racista que poderiam conhecer".
O embaixador do Haiti nos EUA, Paul Altidor, considerou uma "agressão" o que Trump disse na reunião. O diplomata afirmou que seu governo apresentou uma petição formal ao Executivo americano para que explique as falas do presidente e condena "veementemente" os comentários ao considerar que são "baseados em estereótipos". "O presidente foi mal informado ou não foi bem educado", disse o embaixador.
Organizações defensoras dos direitos civis manifestaram indignação com o termo usado por Trump. A Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor Negras (NAACP, na sigla em inglês) acusou Trump de "racismo insensível".
Em um comunicado, a organização disse que "a decisão de usar uma palavra vulgar para descrever os países africanos, centro-americanos e caribenhos não só representa uma baixa qualificação desse presidente como também é um marco negativo para nossa nação".
A União Americana de Liberdades Civis (ACLU, em inglês) indicou que Trump "tem sido congruente com o nacionalismo branco que impulsiona suas políticas de imigração". Lorella Praeli, diretora de políticas migratórias da ACLU, disse que os comentários do presidente são "diretamente opostos à decisão que o Congresso tomou em 1965 para deixar de lado as cotas racistas que existiam no passado". /AP e EFE