Comissão da ONU fala em 'crime de guerra' diante de suposto ataque químico na Síria

Grupo emitiu comunicado 'condenando nos mais fortes termos' o bombardeio que deixou mais de 50 mortos, incluindo 11 crianças

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Por Jamil Chade , correspondente e Genebra
Atualização:

GENEBRA - A comissão liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro será encarregada de investigar os ataques químicos contra a cidade de Khan Shikhoun e já alerta que o ato constitui um "crime de guerra". A Comissão da ONU para os Crimes da Síria, liderada por Pinheiro, emitiu nesta terça-feira, 4, um comunicado "condenando nos mais fortes termos" o incidente ao sul de Idlib que deixou "diversos mortos entre civis". 

"Relatos sugerindo que um ataque químico tenha ocorrido é extremamente preocupante", disse a comissão em um comunicado. "A Comissão está investigando as circunstâncias em relação a esse ataque, incluindo o suposto uso de armas químicas e atentados subsequentes em instalações médicas onde um número grande de pessoas estavam recebendo tratamento", afirmou.

Comissão da ONU para os Crimes da Síria alerta que ataque constitui "crime de guerra" Foto: AFP PHOTO / Omar haj kadour

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Pinheiro, em outras ocasiões, já indicou em seus relatórios à ONU sobre o uso de armas químicas ao longo dos seis anos da guerra na Síria. Agora, seu comunicado fala claramente que tal ação teria de ser tratada como um crime de guerra.

"Tanto o uso de armas químicas como ataques contra instalações médicas seriam crimes de guerra e graves violações aos direitos humanos", indicou, lembrando que o Conselho de Segurança da ONU já tratou desses casos e designou investigadores para tentar identificar os autores dos ataques. 

De acordo com a ONU, além da investigação da comissão de Pinheiro, a Organização para a Proibição de Armas Químicas também avaliará o caso. A entidade está operando dentro da Síria depois de um acordo entre as potências. “É imperativo que os autores de tais ataques sejam identificados e levados à Justiça”, indicou. 

Nos últimos seis anos, Pinheiro vem coletando informações, testemunhos e provas de crimes na Síria cometidos por todos os lados. Os dados e a lista dos criminosos, guardados em um cofre em Genebra, serão eventualmente usados para processos legais contra os autores das violações. 

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