Comissão da Unasul viaja na sexta a Caracas para mediar crise

Chanceler brasileiro integra grupo, que terá ministros de Equador e Colômbia; MUD promete inscrever nas eleições 3 opositores detidos 

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Atualização:
Presidente da Venezuela anunciou medida em transmissão nacional na televisão Foto: AP

CARACAS-A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) confirmou ontem que uma comissão de chanceleres de Brasil, Equador e Colômbia chega amanhã à Venezuela para fortalecer a democracia e o diálogo entre o chavismo e a oposição. Em meio ao impasse, a coalizão Mesa de Unidade Democrática (MUD) anunciou que inscreverá os opositores presos acusados de conspirar contra o governo nas eleições legislativas deste ano. 

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“A visita dos chanceleres da Unasul e do secretário-geral Ernesto Samper está confirmada para a sexta-feira (amanhã)”, disse o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño. 

Além deles, devem participar do encontro na capital venezuelana os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, María Angela Holguín. 

Maduro saudou o anúncio sobre a missão da entidade. “O secretário-geral da Unasul acaba de me confirmar por telefone que a delegação dele chega na sexta-feira para apoiar a democracia e a soberania da Venezuela”, disse o presidente em seu programa semanal de TV Contato com Maduro. “Sejam bem-vindos. Temos sorte de ter a Unasul para nos proteger e nos acompanhar para que possamos transitar pelas batalhas contra os golpes de Estado e o intervencionismo imperialista, acrescentou.

No dia 20, um dia após a prisão do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, Samper divulgou um comunicado no qual afirmou que a comissão de chanceleres visitaria Caracas para contribuir com a despolarização do ambiente político no país. Na ocasião, o ex-presidente colombiano disse que a comissão também poderia colaborar com ideias para solucionar a grave crise econômica da Venezuela. 

A comissão de chanceleres foi criada em abril de 2014, após a onda de protestos que deixou 43 mortos na Venezuela. O diálogo, com o auxílio do Vaticano, acabou suspenso em maio. 

Eleições. O secretário executivo da MUD, Jesús “Chuo” Torrealba, disse ontem que a coalizão apresentará a candidatura dos três opositores presos acusados de golpe pelo chavismo: Ledezma, Leopoldo López e Daniel Ceballos. Segundo Torrealba, a ex-deputada María Corina Machado e o deputado Julio Borges, também acusados de tentar depor Maduro, apresentarão suas candidaturas.

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“Eles integrarão nossas listas na eleição, pois são dirigentes de destaque no país”, disse Torrealba. “O governo os acusou de maneira irresponsável e sem apresentar nenhuma prova. Temos de lembrar da presunção de inocência. Nos vídeos apresentados não há nenhuma evidência de malfeito.”

Protesto. Ainda ontem, María Corina, que no ano passado perdeu o mandato de deputada por determinação da Justiça, convocou uma manifestação de mulheres para o domingo, em diversas cidades da Venezuela, contra o decreto chavista que permite ao Exército e à Guarda Nacional Bolivariana (GNB) reprimir protestos usando armas de fogo. 

“A convocação e a mobilização têm como objetivo enfrentar com todas nossas forças essa decisão criminosa, na qual o Ministério da Defesa dá a permissão para matar os mais jovens”, disse María Corina.

Segundo a ex-deputada, a mobilização deve coincidir com o Dia Internacional da Mulher. O Partido Voluntad Popular, de López e Ceballos, prometeu apoiar a manifestação convocada por María Corina

“Estamos chamando toda a sociedade a nos acompanhar, mas a principalmente a mulher venezuelana, que é a responsável por ficar nas filas dos mercados e sustentar a casa”, afirmou. “Estamos também apoiando nossos jovens, que seguem firmes mostrando força e determinação cívica, com sua rebeldia contra o governo”, declarou María Corina. / AFP, AP e EFE

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