Conquista do direito ao voto pelas mulheres britânicas completa 100 anos

No dia 6 de fevereiro de 1918, o Parlamento britânico adotou a ‘Lei de 1918 sobre a representação popular’, permitindo que oito milhões de mulheres pudessem ser inscritas nos registros eleitorais

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Por Redação
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LONDRES - Há um século as mulheres britânicas conquistavam o direito ao voto depois de anos de luta liderada pelas sufragistas, cujas ações abalaram o país e transformaram o mundo.

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As sufragistas se acorrentavam às linhas férreas, quebravam vitrines e sabotavam a fiação elétrica. A fundadora do grupo, Emmeline Pankhurst (foto), defendia este tipo de estratégia. Na imagem, "medalha de aprisionamento" da líder Foto: REUTERS/Paul Hackett

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No dia 6 de fevereiro de 1918, o Parlamento britânico adotou a "Lei de 1918 sobre a representação popular", que fez com que oito milhões de mulheres com mais de 30 anos fossem inscritas nos registros eleitorais. No entanto, foi preciso esperar 10 anos para que elas pudessem votar aos 21 anos, como faziam os homens.

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Entre as militantes que lutaram por este direito, as ações das sufragistas foram marcadas por uma violência desconhecida até então, apesar de sua influência continuar sendo atualmente objeto de debate.

Tática

As sufragistas se acorrentavam às linhas férreas, quebravam vitrines e sabotavam a fiação elétrica. Elas chegaram, inclusive, a detonar uma bomba na casa de um ministro. A fundadora do grupo, Emmeline Pankhurst, defendia este tipo de estratégia. Uma das ações mais chocantes foi o suicídio da militante Emily Davison, que se jogou sob as patas de um cavalo que corria pelo rei no Derby de Epsom, em 1913.

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Centenas de militantes foram detidas e, na prisão, realizavam greves de fome. Muitas foram alimentadas à força, uma prática proibida por uma lei de 1913 que obrigava as autoridades a libertar as prisioneiras muito fracas. Assim que se recuperavam, eram devolvidas à cadeia. Emmeline, por exemplo, foi presa e libertada 11 vezes.

Os detratores do direito ao voto feminino viam nessas práticas demonstrações de irresponsabilidade e fragilidade emotiva das mulheres.

Em 1999, a revista Time colocou Emmeline Pankhurst em sua lista de personalidades mais influentes do século 20. "Ela modelou de certa forma a ideia da mulher contemporânea: mudou a ordem social marcando um ponto de inflexão", afirmou a publicação.

"A campanha das militantes foi totalmente essencial para fazer avançar o voto feminino", explicou Krista Cowman, professora de história da Universidade Lincoln, no Reino Unido. "Antes disso, houve 50 anos de campanha pacifista que, na realidade, não serviu para nada."

Igualdade

Alguns historiadores acreditam que o papel desempenhado pelas mulheres durante a 1.ª Guerra contribuiu mais para a adoção da lei de 1918 do que as ações extremas das sufragistas.

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Nos campos, nas fábricas, nos escritórios e nas lojas as mulheres assumiram postos deixados pelos homens que partiram para o front. Seu papel na sociedade foi profundamente transformado.

"Muitas feministas esperavam que seu esforço patriótico durante a guerra apoiasse sua demanda de ter direito ao voto", explica o historiador Joshua Goldstein no livro Guerra e gênero.

De fato, ao fim da guerra, foram aprovadas as primeiras reformas para a igualdade de direitos. "Isto marcou um início", afirmou o historiador, especialista que assessorou o filme As Sufragistas, lançado em 2015. "Na década de 1920, houve uma série de leis votadas no Reino Unido para melhorar as condições de vida das mulheres, como o divórcio e a igualdade de acesso a algumas profissões.”

Além do Reino Unido

A Nova Zelândia foi pioneira no assunto, aprovando o voto em 1893, seguida pela Austrália em 1902, Finlândia em 1906 e Noruega em 1913.

Mais tarde, uma série de países seguiu o mesmo princípio: União Soviética em 1917, Alemanha em 1918, EUA em 1920 e Uruguai em 1927.

Outros países, como a França, tiveram de esperar até 1944 e as suíças só puderam exercer o voto em 1971, enquanto que nos países do Golfo esse direito continua sendo limitado. / AFP

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