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Conselho de Segurança aprova resolução para cortar financiamento do Estado Islâmico

A resolução, um texto técnico de 28 páginas desenvolvido conjuntamente por Washington e Moscou, atinge diretamente o EI e trabalha para apertar o cerco às fontes de financiamento dos terroristas

Atualização:

NOVA YORK - O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou por unanimidade nesta quinta-feira, 17, uma resolução com o objetivo de atingir o grupo Estado Islâmico (EI) no bolso ao drenar suas fontes de financiamento. A reunião sem precedentes foi mantida pelos ministros das Finanças dos 15 países do Conselho. 

A resolução, um texto técnico de 28 páginas desenvolvido conjuntamente por Washington e Moscou, atinge diretamente o EI e trabalha para apertar o cerco às fontes de financiamento dos terroristas. A medida insta os países a "agir de forma enérgica e decisiva para cortar os fundos e outros recursos econômicos" do EI, incluindo o petróleo e o tráfico de antiguidades, e a punir "mais ativamente" os apoios financeiros do grupo.

Conselho de Segurança da ONU vota resolução, em Nova York Foto: Bryan Thomas/Getty Images/AFP

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Os países foram convidados a fazer do financiamento do terrorismo "um crime grave em suas leis nacionais" e intensificar a troca de informações a este respeito, incluindo entre os governos e o setor privado. 

O Conselho aprovou em fevereiro uma primeira resolução para punir indivíduos ou entidades que financiam a EI comprando petróleo contrabandeado ou objetos arqueológicos roubados na Síria e no Iraque.

Uma comissão da ONU também é responsável há 15 anos por congelar os ativos financeiros de todos aqueles que financiam grupos ligados à Al-Qaeda. Sua lista inclui 243 indivíduos e 74 entidades.

O grupo será renomeado de "Comissão de Sanções EI-Daesh e Al-Qaeda". Cada país deverá emitir no prazo de quatro meses um relatório sobre as medidas tomadas para implementar a resolução. A ONU também irá produzir no prazo de 45 dias um "relatório estratégico" sobre a ameaça jihadista e as fontes de financiamento do EI.

A resolução "apela a todos os países a criminalizar totalmente o financiamento do terrorismo (...) mesmo na ausência de qualquer ligação com um ato terrorista específico", declarou Adam Szubin, funcionário do departamento americano do Tesouro.

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Quando um banco detecta uma transação suspeita, deve ser capaz de cruzar essa informação com dados sobre os movimentos de suspeitos ou informações de serviços de inteligência, diz ele. O ministro francês das Finanças, Michel Sapin, conta com a "pressão internacional" para que todos os países apertem o cerco.

De acordo com especialistas, o EI arrecada US$ 80 milhões mensalmente nos vastos territórios sob seu controle na Síria e no Iraque. Metade vem de impostos cobrados sobre as empresas e lojas e da pilhagem dos recursos (incluindo antiguidades) e 40% do contrabando de petróleo e gás.

Mas os bombardeios da coalizão internacional antijihadista liderada pelos Estados Unidos e da Rússia reduziram suas receitas provenientes do contrabando de petróleo, bem como a queda dos preços do petróleo bruto.

Esses milhões de dólares também são utilizados para gerir o território que o EI controla e proporcionar aos seus residentes um mínimo de serviços. Esse é o calcanhar de Aquiles do EI, segundo Szubin.

O grupo "tem a necessidade de transferir regularmente grandes somas para pagar salários, comprar armas, manter sua infraestrutura, e por isso deve ter acesso ao sistema financeiro internacional", expondo-se os controles.

Assim, no Iraque, o governo cortou os laços entre o banco central e 90 agências bancárias que operam nos territórios do EI. / AFP 

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