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Consórcio russo diz que voo MH17 foi derrubado por míssil na Ucrânia

Relatório apresentado pela Almaz-Antei diz que Boeing malaio foi atingido por míssil disparado de plataforma Buk-M1, mas sugere que origem do disparo foi cidade controlada pelo Exército ucraniano

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MOSCOU - O fabricante russo de sistemas de defesa antiaérea "Almaz-Antei" reconheceu nesta terça-feira, 2, que o voo MH17 da Malaysia Airlines, derrubado no leste da Ucrânia com 298 passageiros a bordo, foi atingido provavelmente por um míssil disparado desde a plataforma de lançamento Buk-M1, fabricada até 1999 pelo consórcio russo.

A análise dos danos na fuselagem do Boeing, que em agosto de 2014 caiu em uma zona do leste da Ucrânia controlada pelos separatistas pró-Rússia, conclui de forma preliminar que o avião recebeu o impacto de um projétil disparado por um Buk-M1, disse em entrevista coletiva o diretor-geral do consórcio, Yann Novikov.

Mikhail Malyshevsky, conselheiro do consórcio russo Almaz-Antei, apresenta relatório que aponta o uso de um míssil como causa da queda do voo MH17 da Malaysia Airlines Foto: Ivan Sekretarev/AP

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A peculiar forma dos estilhaços tirados da fuselagem do Boeing-777 de Malaysia Airlines, em poder do fabricante russo apenas desde o mês de março, não deixa dúvidas que "o ataque foi perpetrado por um lança-mísseis terra-ar, que só pode se tratar de um Buk-M1", equipado com um míssil 9M38M1, detalhou Novikov.

"Temos provas irrefutáveis de que este tipo de mísseis está à disposição na Ucrânia", denunciou o diretor-geral da "Almaz-Antei", que assegurou que o consórcio revisou a pedido de Kiev o arsenal ucraniano em 2005 e constatou que na ocasião o Exército desse país tinha 991 projéteis 9M38M1.

Novikov não disse, no entanto, a qual país pertencia o míssil disparado contra o MH17, embora tenha ressaltado que os projéteis desse tipo saíram de produção em 1999, três anos antes de a maioria dos fabricantes russos de sistemas de defesa antiaérea se integrarem ao consórcio "Almaz-Antei".

Por outro lado, o relatório apresentado pelo fabricante assinala que o míssil não foi lançado a partir da cidade de Snizhne, então controlada pelos rebeldes, mas das proximidades de outro núcleo urbano, Zaroshinskoe, em mãos das forças ucranianas.

Aparentemente, os especialistas de "Almaz-Antei" demonstraram que o impacto do míssil no aparelho foi lateral - e, se tivesse sido disparado de Snizhne, teria sido frontal.

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O consórcio considera também que a tragédia com o Boeing malaio foi o que provocou a inclusão do grupo na lista de empresas russas sancionadas pela União Europeia em razão da crise da Ucrânia. "Queremos demonstrar que o consórcio não tem nada a ver com a tragédia no céu sobre a Ucrânia e que, em consequência, as sanções econômicas que foram aplicadas são infundadas e não ajustadas", se queixou Novikov.

O voo MH17 fazia a rota entre Amsterdã e Kuala Lumpur e sobrevoava o leste da Ucrânia quando foi atingido supostamente por um míssil, acidente no qual morreram seus 298 ocupantes.

Quase um ano depois, a investigação do acidente, liderada pela Holanda, está longe de ser concluída, como reconheceu recentemente o ministro holandês de Segurança e Justiça, Gérard Adriaan van der Steur, que qualificou o processo de "muito complexo" e evitou falar de prazos para esclarecer as causas da tragédia. / EFE

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