EUA dizem que Trump cobrou Putin sobre ação em eleição; russos negam

Tillerson afirma que líder americano foi enérgico ao questionar sobre a interferência de Moscou, mas Lavrov garante que magnata aceitou imediatamente desmentido; os dois líderes concordaram em trabalhar em mecanismo de ‘não interferência’

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

HAMBURGO, ALEMANHA - EUA e Rússia travaram nesta sexta-feira, 7, uma disputa de versões sobre o primeiro encontro pessoal entre o presidente americano, Donald Trump, e seu colega russo, Vladimir Putin, com cada lado se posicionando como o mais durão. Segundo o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, Trump pressionou Putin, em mais de uma ocasião, a dizer se a Rússia havia interferido nas eleições presidenciais de novembro.

Reunião bilateral entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (D), e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, começou com aperto de mãos e declarações amistosas em encontro do G-20 na Alemanha Foto: AP Photo/Evan Vucci

PUBLICIDADE

O chanceler russo, Serguei Lavrov, que também participou da reunião, disse que realmente Trump questionou Putin sobre a questão, ouviu as claras afirmações de que as acusações não eram verdadeiras e aceitou as declarações.

Os dois presidente encontraram-se em Hamburgo, paralelamente à reunião de cúpula do G-20, por 2 horas e 15 minutos – muito mais do que o previsto. Segundo Tillerson, “claramente houve uma boa química entre os dois”. “Eles falaram sobre tudo. Nenhum deles queria parar.”

Durante a campanha, Trump prometeu uma reaproximação dos EUA com a Rússia. Mas ele foi incapaz de cumprir a promessa em meio às sanções americanas contra Moscou pela crise ucraniana e porque seu governo está sendo investigado pelas alegações de que o Kremlin interferiu a seu favor nas eleições de 2016. Além disso, durante a campanha, seus assessores mantiveram contatos com funcionários russos de alto escalão. Trump garante que sua equipe não conspirou com os russos.

“Os dois líderes concordaram que essa questão representa um substancial obstáculo em sua capacidade de impulsionar o relacionamento entre a Rússia e os EUA”, disse Tillerson à imprensa. Ele acrescentou que os dois concordaram em trabalhar em um compromisso de “não interferência nos assuntos dos EUA, no processo democrático e no de outros países”.

Pouco depois do início da reunião, os jornalistas puderam entrar na sala onde estavam os dois presidentes. Trump e Putin se mostraram satisfeitos com o primeiro encontro e otimistas em relação aos potenciais resultados do que foi discutido. Trump e Putin trocaram um forte aperto de mão e o presidente americano se disse honrado em estar com o líder russo.

Trump também disse esperar que as discussões propiciem “uma série de elementos muito positivos para a Rússia, os EUA e todos os envolvidos”.

Publicidade

“Estou muito feliz em conhecê-lo e espero que este encontro termine em um resultado positivo”, ressaltou Putin. “Conversamos ao telefone, mas conversas telefônicas nunca são suficientes”, ressaltou o presidente russo. Os dois líderes conversaram por telefone quatro vezes desde a chegada de Trump ao poder, em janeiro.

Na quinta-feira, durante visita a Varsóvia, Trump criticou abertamente o papel “desestabilizador” da Rússia, acusada pelo Ocidente de apoiar militarmente os separatistas na Ucrânia e regimes “hostis”, como o do Irã e do ditador sírio, Bashar Assad. 

Segundo Lavrov, os dois presidentes concordaram em criar um “canal bilateral” de comunicação entre Washington e Moscou para abordar o conflito na Ucrânia. O chanceler disse que os presidentes concordaram em se basear nos Acordos de Minsk, de 2015, que traçam a rota para usa saída política para o conflito. 

Protestos. Milhares de manifestantes tomaram hoje as ruas de Hamburgo para protestar contra a cúpula do G-20. A polícia precisou pedir reforços para lidar com as manifestações depois que viaturas foram incendiadas, cerca de 160 policiais foram feridos e ao menos 45 pessoas, detidas. A chanceler alemã, Angela Merkel, considerou “inaceitáveis” as manifestações violentas que “colocam vidas em perigo”. / WASHINGTON POST, REUTERS e AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.