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CRESCE PRESSÃO POR FIM DE VETO A PESQUISAS

Projeto de 1996 proíbe a destinação de recursos federais a pesquisas que possam ser usadas na defesa de restrições ao comércio de armas

Por Claudia Trevisan
Atualização:

Apesar de provocar a morte de 33 mil americanos por ano e deixar dezenas de milhares feridos, a violência relacionada a armas de fogo não pode ser objeto de estudos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, o principal órgão federal dedicado à saúde pública. Sob pressão do lobby da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), o Congresso aprovou projeto em 1996 que proíbe a destinação de recursos federais a pesquisas que possam ser usadas na defesa de restrições ao comércio de armas. 

O resultado foi a suspensão de estudos governamentais sobre o assunto, o que levou à precariedade de estatísticas e à debilitação da discussão científica sobre as origens da violência com armas. “Não há nada que mata ou fere tantas pessoas sobre o qual sabemos tão pouco”, disse Alice Chen, diretora do Doctors for America, um dos grupos de médicos que defendem o fim do veto ao financiamento público de pesquisas sobre armas.

Homem cataloga armas entregue voluntariamente em New Haven, Connecticut, depois do massacre na escola primária Sand Hook, em 2012, que deixou 26 mortos, incluindo 20 crianças com idades entre 6 e 7 anos Foto: REUTERS/ Michelle McLoughlin

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No dia 2, poucas horas antes do ataque a tiros que deixou 14 mortos em San Bernardino, representantes do Doctors for America e outras duas organizações entregaram ao Congresso um documento assinado por 2 mil médicos solicitando a revogação da proibição imposta em 1996.

Ranking. As armas estão prestes a ultrapassar os carros como as máquinas que mais matam nos Estados Unidos. Os mais recentes dados disponíveis indicam que acidentes de carros mataram 33,8 mil pessoas em 2013, enquanto tiros tiraram a vida de 33,6 mil. Estudo do Center for American Progress divulgado no ano passado estimava que as armas terminariam 2015 como as máquinas mais fatais do país.

Segundo a organização, esse tipo de violência atinge de maneira desproporcional os jovens. Pessoas de até 25 anos representam menos de 3% dos 2,5 milhões de americanos que morrem a cada ano. Mas quando são consideradas apenas as mortes por armas, o porcentual de vítimas nessa faixa etária sobe para 21%. A cada cinco jovens mortos no país, um foi vítima de arma de fogo.

As entidades que defendem controles sobre a venda de armas sustentam que a violência decorrente de seu uso deve ser tratada como uma questão de saúde pública, o que é rejeitado pelos republicanos. 

“Uma arma não é uma doença”, disse em junho o então presidente do Câmara dos Deputados, John Bohener, depois de a Casa rejeitar projeto que restabelecia o financiamento de pesquisas do governo federal sobre o assunto.

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