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Crises humanitárias afetam número 'sem precedentes' de pessoas, diz ONU

Entidade pede volume recorde de US$ 20 bilhões para lidar com crises pelo mundo em 2016

Por Jamil Chade e CORRESPONDENTE/GENEBRA
Atualização:

GENEBRA – O mundo vive uma situação "sem precedentes" diante do número de pessoas afetadas por conflitos e desastres humanitários. O alerta da ONU para 2016 indica que a organização precisará de um valor recorde de dinheiro, US$ 20,2 bilhões, para sair ao socorro de quase 90 milhões de pessoas pelo planeta. No total, 125 milhões precisarão de algum tipo de ajuda. 

As diferentes crises na Europa, Oriente Médio, África e América Central estão levando a ONU a terminar 2015, o ano de seu 70º aniversário, com o pior déficit de sua história. Dados divulgados nesta segunda-feira, 7, apontam que o buraco nas contas da entidade deve superar a marca de US$ 10,2 bilhões. Em 2015, a entidade havia solicitado US$ 19,9 bilhões da comunidade internacional para socorrer milhões de pessoas. Mas recebeu dos governos apenas US$ 9,7 bilhões, 49% do valor necessário. 

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Para 2016, o pedido por US$ 20,1 bilhões tem como meta atender as 88 milhões de pessoas pelo mundo. O volume é cinco vezes o que a entidade solicitou como ajuda há apenas dez anos e, para os altos funcionários, a explosão nos custos revela não apenas a multiplicação dos conflitos e desastres naturais, mas principalmente o aumento de vitimas.

"O número de pessoas agora afetadas por conflitos e outras crises é sem precedentes, com um impacto em suas saúdes", disse Margaret Chan, diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS). "Estamos comprometidos a ajudar. Mas precisamos de forma urgente de mais dinheiro", disse. 

No total, 60 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas em razão de conflitos, o maior número desde a Segunda Guerra Mundial. Para lidar com essa crise, a ONU pede dinheiro para socorrer 37 países, entre eles Afeganistão, Etiópia, Iraque, Guatemala, Haiti, Honduras e Ucrânia. 

A maior necessidade, porém, vem da Síria. A ONU estima que precisará de US$ 3,2 bilhões em assistência apenas dentro do país, além de outros US$ 4,8 bilhões para a situação na região, onde 4 milhões de refugiados sírios vivem hoje. 

"O movimento em massa de pessoas, seja de refugiados ou daquelas que estão fugindo em seus próprios países, tem se tornando uma nova realidade do século XXI", disse o Alto Comissário da ONU para Refugiados, António Guterres. Segundo ele, o sistema humanitário internacional é frequentemente a única rede de ajuda que existe para pessoas que escapam de guerras.

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"Esse sistema precisa ser financiado em uma escala realista e adequado ao imenso desafio de hoje", declarou. "Com os atuais níveis de financiamento, não somos capazes de garantir o mínimo em termos de proteção e assistência", disse Guterres.

A crise no Sudão do Sudão, por exemplo, vai exigir mais US$ 1,3 bilhão, além de US$ 600 milhões apenas para lidar com os refugiados. No Iêmen, o pacote necessário chega a US$ 1,6 bilhão; cerca de 80% da população do país precisa de ajuda para sobreviver. 

Ambiente. Parte dos recursos também serão necessários na América Latina. A ONU determinou que em 2016 Guatemala e Honduras precisarão ter a assistência internacional dobrada diante do impacto de fenômenos meteorológicos causados pelo El Niño e a repercussão para as populações mais vulneráveis. 

Juntos, os dois países precisarão de cerca de US$ 100 milhões. No Haiti, a ONU também prevê que a reconstrução do país ainda precisa da assistência internacional. 

"O sofrimento no mundo atingiu níveis jamais vistos em uma geração. Conflitos e desastres têm levado milhões de crianças, mulheres e homens ao precipício da sobrevivência. Eles precisam de forma urgente de nossa ajuda", declarou Stephen O’Brien, coordenador de Operações de Emergência da ONU. 

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