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Cristina dissolve serviço de inteligência da Argentina

Presidente acusou espiões da SI de 'complô contra seu governo e a pátria' e de estarem por trás da morte do promotor Alberto Nisman

Por Ariel Palacios , Correspondente e Buenos Aires
Atualização:
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi acusada de acobertar autores do atentado contra a Amia Foto: Reuters

BUENOS AIRES - A presidente Cristina Kirchner afirmou na noite desta segunda-feira, 26, em rede nacional de TV que enviará ao Parlamento um projeto de lei para dissolver a Secretaria de Inteligência (SI) com o objetivo de tornar "transparente" o organismo, de forma que sirva "aos interesses nacionais". Em discurso de uma hora gravado na residência presidencial de Olivos, Cristina anunciou a convocação de sessões extraordinárias do Senado e da Câmara para debater e votar o projeto de lei.

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Segundo a presidente, por trás da morte do promotor federal Alberto Nisman, no dia 18, estão espiões da SI, aos quais acusou de "complô contra seu governo e a pátria". 

Embora durante seu governo tenha incrementando a cada ano o orçamento para a SI, a presidente disse que a dissolução dessa secretaria era uma "dívida pendente com a democracia". Cristina sustentou que "combater a impunidade é um dos pilares deste governo".

Segundo a líder kirchnerista, seu projeto de dissolução da SI implicará na criação de uma "Agência Federal de Inteligência", cujas autoridades principais serão escolhidas pelo Poder Executivo em concordância do Senado.

No discurso a presidente Cristina fez referências à mitologia grega, comparando-se à Ariadne, que conseguiu sair do labirinto de Creta - onde estava o cruel Minotauro - graças a um longo fio que a levou à saída. 

Mídia. A presidente também citou o técnico em computação Diego Lagomarsino, que emprestou a arma calibre 22 a Nisman. Segundo Cristina, Lagomarsino "é irmão de um importante executivo da firma Sáenz Valiente, que tem uma sociedade com o Grupo Clarín" - opositor ao governo. Segundo Cristina, Lagomarsino estará sob proteção especial da polícia.

Cristina afirmou que eram "falsas" as denúncias feitas porNisman, que indicavam que a presidente havia ordenado em 2012 uma operação de encobrimento dos terroristas iranianos que teriam organizado o atentado contra a Associação Mutual Israelita-Argentina (Amia) em 1994.

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Segundo a presidente, por trás das denúncias de Nisman estão ex-espiões da Secretaria de Inteligência, promotores e jornalistas.

"Façam as denúncias que quiserem. Não serei extorquida, não serei intimidada. Não tenho medo", afirmou, sem citar nomes.

A deputada Patricia Bullrich, de oposição, criticou o discurso de uma hora de duração de Cristina, afirmando que a presidente "se faz de vítima".

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