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Cruz reduz vantagem de Trump e ganha atenção da cúpula republicana

Elite da legenda, que antes via o senador do Texas com desprezo em razão da posição conservadora e proximidade com o Tea Party, agora vê no pré-candidato a esperança de barrar a nomeação do magnata como representante da legenda em novembro

Por Cláudia Trevisan
Atualização:

 WASHINGTON - Desprezado pela elite do Partido Republicano por sua intransigência e extremo conservadorismo, o senador Ted Cruz emergiu no fim de semana como a principal esperança dessa mesma elite para barrar o magnata Donald Trump na disputa pela candidatura da legenda à Casa Branca. 

O senador pelo Texas venceu duas das quatro prévias eleitorais realizadas do sábado, terminou em um forte segundo lugar nas outras duas e reduziu para 82 a diferença no número de delegados que o separa do bilionário.

O republicanoTed Cruz vota no Texas durante aSuperterçaacompanhado da filha Catherine Foto: REUTERS/Trish Badger

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Os resultados mostraram uma mudança no humor do eleitorado e o aumento do apoio a Cruz entre os que decidiram em quem votar no dia das prévias. Também revelaram a fragilidade da candidatura de Marco Rubio, o senador pela Flórida que o establishment republicano esperava transformar no anti-Trump. Rubio viu parte de seus eleitores migrarem para Cruz e enfrenta pressão crescente dos adversários para abandonar a disputa.

Com o resultado de sábado, Trump passou a ter 382 delegados e Cruz, 300. Rubio aparece em terceiro lugar, com 128, seguido do governador de Ohio, John Kasich, que tem 35. A temporada de prévias terá um capítulo crucial no dia 15, quando cinco Estados definirão seus candidatos na votação que deixará de ser proporcional. Quem vencer levará todos os delegados. O embate mais importante será na Flórida, base eleitoral de Rubio, onde Trump lidera as pesquisas de intenção de voto. Estarão em jogo 99 delegados, o terceiro maior número depois de Califórnia e Texas.

A estratégia da liderança do Partido Republicano é impedir que o bilionário chegue aos 1.237 delegados necessários para vencer a convenção da legenda, em julho. Assim, o candidato será definido em votação durante o evento. A expectativa do establishment é que um dos adversários de Trump ou um novo candidato conquiste o apoio da maioria dos delegados.

No sábado, Cruz venceu em Kansas e no Maine, enquanto Trump ficou em primeiro lugar em Kentucky e Louisiana. Mas a distância entre eles nos Estados vencidos pelo bilionário foi pequena. Em Louisiana, Trump teve 41% dos votos e Cruz, 38%, e eles tiveram o mesmo número de delegados: 18. Em Kentucky, a diferença foi de 36% a 32%.

O mais importante para Cruz foi o contraste entre os eleitores que votaram antecipadamente (algo permitido nos EUA) e os que foram às urnas no sábado. Em Louisiana, Trump teve 48% de apoio entre os que votaram antes do dia das primárias. Cruz teve 23%, seguido de Rubio, com 20%. A vantagem de Trump diminuiu no sábado, com a migração de parte de seus votos para Cruz, que se beneficiou principalmente da conquista de eleitores de Rubio, que terminou com 11% dos votos, quase metade do registrado nos votos antecipados.

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Identificado com o movimento de extrema direita Tea Party, Cruz é o senador mais conservador do Congresso dos EUA. Em 2013, ele liderou o movimento que levou ao fechamento do governo por 16 dias, ao condicionar a aprovação do Orçamento à retirada de financiamento do Obamacare. Cruz é um crítico feroz da liderança do Partido Republicano e era considerado um insurgente contra os nomes preferidos pelo establishment. Mas o avanço de Trump deve levar a elite da legenda a apoiar Cruz. Na semana passada, o candidato republicano à presidência em 2012, Mitt Romney, defendeu a indicação de qualquer candidato que disputa com o bilionário. 

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